
Curitiba deve fechar 2013 com um volume de liberações para novas construções próximo do registrado no ano passado 22,7 mil alvarás. O número é mais desacelerada o do que em anos anteriores, mas especialistas apontam que o setor caminha para a manutenção de um crescimento considerável. "Como já tínhamos previsto na pesquisa anterior, a tendência é de que o mercado imobiliário da capital se mantenha em um patamar de 20 mil alvarás ao ano, pelos próximos anos", explica o economista Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, consultoria que elabora todos os anos, com exclusividade, a pesquisa Perfil Imobiliário de Curitiba para a Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) e para a Gazeta do Povo.
"O número está abaixo do pico de 2010, mas ainda assim bem acima da média de liberações da época do préboom imobiliário", observa o economista, lembrando que no período anterior ao grande volume de lançamentos a média era de cerca de 12 mil novas edificações ao ano.
A diferença entre os anos anteriores à retomada do setor (2004 a 2008) e o período de maior crescimento (2009 a 2013) é da ordem de 85%. O pico do mercado imobiliário da cidade se deu em 2010, com a liberação de 33,5 mil alvarás para novas construções. "O que ocorreu naquela época foi fora da curva. O movimento que se vê agora é o natural de Curitiba", observa o presidente da Ademi-PR, Gustavo Selig.
Lançamentos
O ano de 2013 intensificou a desaceleração de lançamentos do mercado curitibano, iniciada em 2012. No ano passado, a cidade já tinha registrado uma queda de 26% no número de novas unidades sobre 2011. Neste ano, até setembro, foram lançadas 4.158 unidades verticais (residenciais e comerciais), 29% a menos que no mesmo período de 2012. A Brain acredita que, neste ritmo, Curitiba fechará o ano com 5,5 mil unidades lançadas, o que representa uma volta aos patamares verificados entre 2008 e 2009.
Para os especialistas, não só a conjuntura de baixa atividade econômica do país e a alta oferta, com uma série de imóveis entregues, explicam o cenário mais moderado. A pausa ou mesmo a saída das incorporadoras de capital aberto daqui também influenciam os números.
Boa parte das gigantes do setor, que na época do boom expandiram geograficamente sua atuação e assustaram as construtoras locais com o grande volume de lançamentos em Curitiba, começaram a adotar estratégia inversa neste ano. Incapazes de manter o crescimento vertiginoso que prometeram aos acionistas, as grandes incorporadoras voltam a prestar mais atenção a seus próprios quintais, onde têm mais chances de sucesso.
Amadurecimento
Para o setor, a acomodação mostra um mercado que amadureceu. Depois de atender a demanda reprimida, crescerá a ritmos mais "naturais". O comportamento do comprador também mudou diante de um quadro de bastante oferta, ele compara mais antes de fechar negócio. De seu lado, as construtoras estão mais comedidas, estudando melhor cada lançamento. "Esse é um comportamento das empresas paranaenses, que têm mais compromisso com a cidade e com os empregos que precisam manter", frisa Normando Baú, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR) na gestão encerrada em novembro desse ano.
Residências
As construções residenciais representam a maior parte dos alvarás liberados em 2013. Até setembro desse ano, foram contabilizadas cerca de 14,5 mil autorizações para novas edificações, registrando crescimento de 4% sobre 2012. O número indica que a demanda por moradia na capital continua aquecida e acima do ritmo médio de crescimento populacional dos últimos anos, que ficou em 0,5%.



