
A instalação da Universidade Federal do Paraná (UFPR Litoral) em Matinhos, em 2005, vem mudando o comportamento do mercado imobiliário local. Antes, imobiliárias e proprietários eram acionados para locações por temporada. Hoje são procurados por universitários que precisam se estabelecer na cidade durante o período da graduação. Neste ano, a UFPR Litoral tem mais de 950 alunos de fora da cidade.
"Além da universidade, grandes empresas que se instalaram aqui contribuíram para o crescimento da locação mensal. Mas as pessoas optam por morar no centro da cidade por ter melhor infraestrutura do que nos balneários", conta o gerente-geral da imobiliária Eraldo Imóveis, Wellington Fernando Ferreira. Entre os clientes, há os que optam pela locação anual, os que preferem fazer contratos na baixa temporada por causa dos custos e os que dividem a locação para conseguir um imóvel de melhor qualidade.
A demanda por unidades para locação mensal se concentra entre as de valor menor e próximas ao campus, instalado nas antigas dependências da Associação Banestado. Na região, há poucos imóveis com esse perfil. "Os universitários procuram aluguéis de, no máximo, R$ 700 e no momento temos poucas opções. A maioria dos imóveis para locação é de valor um pouco mais alto. Grande parte é de apartamentos ou condomínios fechados, já mobiliados", explica o proprietário da Lada Imóveis, Luis Sérgio Lada.
Para morar perto da universidade, a estudante do segundo ano do curso de Saúde Coletiva Mayara Ariadne de Souza, de Guaratuba, paga R$ 500 por uma quitinete com um quarto e banheiro. "Acho que falta um pouco de consciência dos proprietários neste sentido, mas como a oferta é baixa eles controlam o mercado. A maioria pede que a gente saia durante a temporada, em que os aluguéis diários são bem mais altos".
Segundo o vice-presidente de Planejamento e vice-presidente Regional Litoral do Secovi, Luiz Carlos Borges da Silva, a locação mensal em Matinhos tem características peculiares. "Muitos proprietários evitam contratos anuais. O mercado é mais focado nos aluguéis por temporada. A demanda dos estudantes é atendida apenas de maneira eventual", diz.
Alternativa
Para fugir dos contratos temporários, os universitários procuram locar diretamente com proprietários, especialmente os que não querem alugar por temporada. Em alguns casos, a negociação direta ajuda a ajustar o imóvel ao perfil desejado pelos estudantes. Maiara Aline Zanatta, de São José do Rio Preto, (SP), faz Agroecologia e divide o aluguel com a colega Jéssica Mattos, do curso de Artes. Ela procurava uma casa com jardim, uma vez que o curso é ligado ao cultivo ecológico. Achou a casa, mas questões de segurança e com a vizinhança quase impediram de fechar o negócio. "Conversando bastante com o proprietário, ele resolveu fazer uma pequena reforma e levantar o muro. Foi assim que resolvi me mudar", conta.



