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construção e reforma

Fissura: sinal de alerta no imóvel

Chamados tecnicamente de vícios ocultos, problemas como trincas e infiltrações merecem investigação para não comprometerem a estrutura

A maquiadora Karen Artioli sofre com problemas de infiltração no apartamento | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
A maquiadora Karen Artioli sofre com problemas de infiltração no apartamento (Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo)

A maquiadora Karen Ar­­tioli levou um susto quando descobriu que o teto da cozinha estava quase desabando. Uma pomba havia se instalado na calha do prédio e, com o acúmulo da água da chuva, a laje cedeu. Como Karen mora no último andar, o apartamento foi o primeiro a sofrer as consequências. Depois, mais duas infiltrações destruíram o armário da cozinha, o gesso do teto e o piso laminado recém colocado no quarto. A infiltração é um exemplo dos chamados vícios ocultos, que são defeitos que podem surgir até meses ou anos após a compra de um bem. No caso dos imóveis, infiltrações e fissuras são os mais comuns.

O coordenador do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Nelson Luiz Madalozzo, explica que a construção não fica estática depois de pronta e por isso podem surgir algumas fissuras. "Muitas vezes, os pequenos defeitos são difíceis de controlar, às vezes aparecem por conta da movimentação da estrutura, por uma acomodação pelo próprio carregamento, pelas variações de temperatura, especialmente na nossa região, onde em um único dia pode ir de muito quente para muito frio", explica.

Embora nem sempre fissuras signifiquem perigo, elas são um sinal de alerta que precisa ser investigado. "Fissuras, trincas e rachaduras são a mesma coisa, o que diferencia é o tempo. O problema começa como uma fissura. Se depois ela aumentar, ela vira uma trinca. Se a espessura da trinca ficar um pouco maior, vira rachadura", diz o engenheiro civil e dono de uma empresa de perícias e avaliações de imóveis Michael Wahrhaftig.

Para evitar um problema maior, Wahrhaftig sugere o monitoramento constante dos pequenos detalhes. "Faz uma marcação na fissura, dois riscos, um de cada lado, e meça com a régua o tamanho. Pode ir monitorando semanalmente. Se perceber que a fissura aumentou, o problema está evoluindo", afirma. Mas, antes mesmo de diagnosticar a evolução, os moradores devem comunicar a construtora ou quem lhe vendeu o imóvel. "Problemas elétricos, hidráulicos, vazamentos com gás não podem esperar de jeito nenhum", aponta o professor Madalozzo.

As infiltrações são problemas ainda maiores. Si­­lenciosa, a umidade vai se acumulando e quem sofre são os moradores dos extremos dos edifícios. "Como a laje é permeável, se não for feito um bom trabalho de impermeabilização, os últimos pavimentos são os que mais sofrem. As rachaduras normalmente ocorrem nos primeiros andares ou últimos, nos do meio há uma zona de estabilidade", explica Wahrhaftig.

Vícios ocultos devem ser informados à construtora

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), o prazo para reclamar começa no momento em que se constata o problema ou que o defeito fica evidenciado. De acordo com a coordenadora do Procon-PR, Claudia Silvano, é preciso diferenciar os problemas que estão relacionados com a estrutura e solidez do imóvel e outros que podem estar vinculados a problemas estéticos. "Se não importa na estrutura e solidez, o consumidor tem 90 dias para reclamar. Agora, para os problemas que influenciam na estrutura e solidez do imóvel, o Código Civil dá um prazo de garantia de cinco anos para o imóvel e o prazo do consumidor é de 10 anos. Então, se no final dos cinco anos o morador percebe o defeito, ele tem 10 anos para reclamar", analisa.

Cerca de quatro meses depois de comprar o apartamento, a dona de uma produtora cultural, Mayara Viana, começou a ter alguns problemas com o imóvel. "Eu comprei meu apartamento e depois de uns quatro, cinco meses começou a dar infiltração no banheiro e a cair o gesso. Tive de passar silicone na banheira recém instalada de novo porque estava vazando e estragando o andar de baixo". A produtora cultural relata ainda que na primeira vez que o problema surgiu, a construtora arrumou, mas, na segunda, a empresa alegou que o tempo para os reparos já havia expirado. "Depois que consertamos as infiltrações e problemas aleatórios, vendemos. Gastamos mais ou menos R$ 1.500 arrumando o teto e a banheira". Para a coordenadora do Procon, a produtora estava certa em buscar seu direito pela segunda vez e, pois se o erro tivesse sido reparado da primeira vez, não teria ocorrido novamente.

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