
Redondos, quadrados e retangulares. Fixos e móveis. As duchas frias e os chuveiros elétricos (cujos modelos mais sofisticados também são chamados de duchas elétricas) estão cada vez mais modernos, com novos formatos, alguns bastante inusitados.
"O desafio do design moderno é congregar vários atributos em um só produto, como funcionalidade, beleza, praticidade de limpeza e facilidade de manutenção. Mas o fator decisivo é a questão do uso racional da água", explica o gerente de Tecnologia da Docol Metais Sanitários, Levi Garcia.
Os chuveiros elétricos também ganharam formatos mais robustos, além de um sistema eletrônico que permite a regulagem do calor da água de forma gradativa.
"A regulagem fina da temperatura auxilia na economia de energia e torna o banho mais confortável. Também temos opções com o chamado desviador total que realmente interrompe a água no chuveiro principal quando o chuveirinho é acionado. Isso graças a um sistema novo de válvulas. É um produto que atende principalmente as mulheres, que não lavam o cabelo todos os dias ou mesmo que dão banho nos filhos e querem continuar secas durante a tarefa", diz o gerente industrial da Cardal, fabricante de chuveiros elétricos, Carlos Alexandre Cella.
Concurso de design
Este ano, a Docol criou uma nova temática para o seu concurso nacional, normalmente de projetos para banheiros, promovendo o Arquitetando Design Docol, com foco na criação de novas duchas.
Foram 500 projetos inscritos, de todo o Brasil. O estudante paranaense de Design de Produto da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), César Augusto Lima, ganhou Menção Honrosa pela criação da ducha Disco.
"Fisicamente o produto possui um design clean, minimalista, que retrata a idéia de um banheiro refinado, confortável e aconchegante, ao mesmo tempo que consegue obter duas formas diferentes para um mesmo banho."
As duas formas são um jato mais concentrado e outro mais aberto, que cobre de forma abrangente o corpo. O primeiro lugar no concurso foi o designer natural de Belém do Pará, Tony Hirochi Narita, com a ducha Chroma, feita em aço inox colorido com um desenho fluído.
Economia de água
Procuradas pelos consumidores por terem mais pressão e maior vazão de água, as duchas são vistas por muitos especialistas como inimigas do uso consciente de água. Para Garcia, isso é uma questão de cuidado do usuário.
"Uma vazão de 8 a 10 litros/minuto é considerada suficiente para um bom banho. Em prédios altos, com bastante pressão, recomendamos a instalação de um redutor de vazão que diminui, em média, em 50% a quantidade de água."
O chuveiro elétrico, uma invenção genuinamente brasileira da Escola Politécnica de São Paulo, em 1927, e fabricado em escala desde 1940, tem menor vazão de água, entre 3 e 5 litros/minuto. É a principal escolha dos brasileiros e está em 73,1% dos lares, segundo a Centrais Elétricas Brasileiras S/A, a Eletrobrás.
Para o pesquisador do Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento do Centro Tecnológico do Ambiente Construído (Cetac), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Douglas Messina, o aquecimento eficiente no ponto de saída é o diferencial do chuveiro elétrico.
"Todo sistema de mistura, com água fria e quente, como o aquecimento a gás, leva a uma perda de água até que o consumidor encontre a temperatura desejada. Já o chuveiro elétrico é instantâneo, com 95% de eficiência."
A arquiteta da construtora J.A.Baggio, Judi Dembicki, acostumada a atender o público das classes média e média-alta, que normalmente escolhem a ducha fria com o aquecimento a gás para a suas casas, acredita que o gasto de água é fruto de mau hábito dos consumidores.
"Um bom hábito seria fazer a regulagem da temperatura da água direto no aquecedor, na área de serviço. Os aparelhos de hoje são modernos e permitem isso."
O vilão da eletricidade
Se o chuveiro elétrico economiza água por ter pouca vazão, é considerado um dos grandes vilões do gasto com energia elétrica representa de 25% a 35% dos gastos de acordo com a Eletrobrás. Os fabricantes usam como trunfo do equipamento o fato de ter "socializado" o banho quente nas camadas mais baixas da população.
Para o professor do departamento de Eletrotécnica do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal Tecnológica do Paraná, Carlos Henrique Mariano, esse sucesso se deve aos baixos custos de instalação do chuveiro elétrico.
"Se compararmos o custo com a instalação a gás (só o aquecedor custa, em média, R$ 700), o chuveiro elétrico sai mais barato. Mas em termos de consumo não é bem assim. Cada modelo de aquecedor tem um consumo e, fazendo a conta na ponta do lápis, o consumidor pode encontrar vantagens no aquecimento a gás. Sempre na hora de optar, além das condições da construção de sua residência ou imóvel, é importante que o consumidor faça esse cálculo."
O ideal é sempre levar um instalador de uma empresa especializada em aquecedores para avaliar a pressão da água e a pressão do gás na residência antes da compra de um aquecedor de passagem. São esses fatores que vão determinar qual produto será comprado.
"O primeiro requisito diz respeito à construção da residência. O mínimo é dois metros de coluna da água (mca), ou seja, dois metros da caixa dágua até a ducha. Já a pressão do gás, depois de avaliada, é algo regulável pela empresa instaladora", explica o engenheiro de aplicação do setor de Termotecnologia da Bosch, marca que fabrica aquecedores, Eduardo Nagasawa.
Escolha
Dentre tantos modelos de duchas e chuveiros elétricos, a opção parte primeiro das condições da edificação. No caso de imóveis já construídos é preciso checar as instalações existentes. Os edifícios antigos de Curitiba, com mais de 30 anos de construção, têm, geralmente, o sistema de aquecimento a gás e uma instalação elétrica precária, que não é preparada para a instalação de um chuveiro elétrico.
Já na hora de construir a opção pode ser mais cuidadosa, calculada detalhadamente os custos de instalação e consumo, considerando também a preferência da família.
O custo da instalação do sistema a gás, segundo a arquiteta da construtora J.A.Baggio Judy Dembicki, varia dependendo da distância entre o ponto do gás e a ducha, que exige canos de cobre ou outros próprios para água quente.
No caso do chuveiro elétrico é preciso avaliar os custos de instalação que podem variar conforme a voltagem nominal de 127 V ou 227 V. Já quanto a escolha do chuveiro elétrico depende primeiro da região do país onde a pessoa vive (fria ou quente). Esse fator irá definir a potência necessária para esquentar a água em determinado local. Confira as dicas sobre essa questão no quadro ao lado.








