
Além da forma mais antiga das casas dos imigrantes, com tábuas de pinheiro araucária colocadas em pé, há outras várias maneiras de se construir com a madeira. Uma bastante popular em Curitiba e região é o sistema de encaixe de tábuas de espessura grossa na horizontal, típico de casas pré-fabricadas.
Esse sistema é cerca de 30% mais rápido enquanto uma casa de 150 metros quadrados em alvenaria comum leva cerca de 180 dias para ficar pronta, uma de madeira com o mesmo tamanho levaria 120 nesse sistema e de 10% a 15% mais econômico, segundo um dos diretores da Casas Curitiba, empresa de pré-fabricados de madeira com mais de 25 anos de experiência, Pedro Moreira.
A empresa usa uma madeira de lei de manejo legal do norte do país, a grápia. "Usamos apenas o cerne da madeira (parte mais resistente) que não precisa de tratamento químico". O projeto pode ser um dos padrões da construtora ou ainda um personalizado. As partes molhadas, como cozinha e banheiros, são feitos em alvenaria. Para se fazer essas áreas em madeira o material precisaria de um tratamento maior e, consequentemente, mais caro.
Há também o sistema de plataforma, largamente usado nos Estados Unidos (mais de 80% das construções no país seguem o modelo), com estrutura de metal (steel frame) ou madeira (wood frame) e fechamento em placas de OSB ou compensado. "É 60% mais rápido que a alvenaria comum. Uma casa de 300 metros quadrados pode ser levantada em três a quatro meses", afirma Patrícia Cisternas, gerente de marketing da LP Building, empresa paranaense que produz painéis de OSB com essa finalidade.
Entre as inúmeras vantagens do sistema está a fundação, mais econômica e eficiente nos terrenos acidentados (em declive ou aclive) e com solo "ruim" do que a construção convencional. "É um sistema mais leve e de cargas distribuídas (o peso está dividido em paredes, não só em pilares e vigas isoladas) que não necessita de fundação profunda, portanto é mais rápido e eficiente", avalia Patrícia.
Casa cubo
A Casa Cubo, do designer Robson Bradasch, que foi projetada pelo arquiteto Maurício Pinheiro Lima e construída pela US Home no bairro São João, em Curitiba, há quatro anos, usou esse sistema. O terreno da residência tem um declive acentuado de cerca de 11 metros. "Após a sondagem do terreno (avaliação da qualidade do solo) fiz o orçamento da construção no método de alvenaria comum e no de steel frame, usando blocos pré-moldados de concreto para a fundação. A segunda opção oferecia uma fundação 50% mais barata que a de concreto comum, que precisaria de estacas de 15 metros de profundidade ou ainda outras soluções caras. Houve a possibilidade de usar o espaço de baixo da casa, criado pelo declive, algo que não aconteceria com a execução convencional". O restante foi erguido com estrutura de aço e fechamento com painéis de OSB.
O engenheiro calculista Luiz Sorio Filho cita ainda outra alternativa de construção em madeira: o sistema de pilares e vigas, feitos com peças robustas de madeira, fechado com outros materiais, como o vidro ou alvenaria comum. "Esse sistema proporciona grandes vãos livres na edificação."
A casa da massoterapeuta Jussara Matter em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, idealizada pelo engenheiro civil Rodolpho Ramina, foi feita assim. A casa tem estrutura em eucalipto, fechamento das paredes de baixo em alvenaria, e as de cima em painéis de pinus. "O piso de madeira do pavimento superior serve também de forro para o inferior. É uma casa gostosa, confortável", diz Jussara, que vive e trabalha em casa. A edificação possui também aquecimento solar e recicla água da chuva.






