Apenas seis meses após pintar toda a fachada e o muro de sua casa, a aposentada curitibana Tereza Leal teve uma triste surpresa. Assim como muitos outros proprietários, ela foi vítima da ação de pichadores. Ousados, os vândalos mancharam, em plena luz do dia, todo o muro lateral de sua residência. "Só terei dinheiro para repintá-lo no ano que vem", diz a aposentada, que ainda não sabe se irá optar por alguma tinta ou verniz contra a pichação que têm composição química diferenciada e permitem apagar a sujeira da pichação.
A indecisão da moradora tem justificativa: o preço e a dificuldade em encontrar estes produtos. De acordo com especialistas, quem pretende proteger a casa dos pichadores de maneira eficiente deve estar disposto a gastar, em média, quatro vezes mais com as tintas e vernizes especiais. "Isso acontece porque a sua produção envolve tecnologia muito avançada, que gera gastos repassados ao consumidor", explica Wagner Santos, químico do laboratório WestHouse, que desenvolve pesquisas no campo de tintas imobiliárias.
Para ele, isto explica também a razão para haver poucos fabricantes ."Pelo preço elevado, a procura é pequena. Com isso diminui o interesse em se produzir", avalia. A Associação Brasileira das Indústrias Fabricantes de Tintas (Abrafati) confirma. Segundo ela, nenhuma das grandes empresas que atuam no Brasil possuem linhas contra a pichação. E ainda, são poucas as fabricantes menores que investem neste tipo de produto.
Uma delas é a Quimline de São Paulo , que produz tinta à base de poliéster e um removedor da pichação, exclusivo para ela. "Quando não dá para evitar o vandalismo, é só passar um pano úmido com o removedor que a sujeira irá sair", explica o proprietário da empresa, Farid Matuck. Porém, a remoção deverá ser feita nas primeiras horas após a pichação, para garantir a retirada completa da poluição. Apesar de não ter representantes em Curitiba, a empresa aceita pedidos por telefone. O galão de 3,6 litros de tinta custa R$ 115 e o litro do removedor R$ 38.
Outra fabricante, a Bautech também de São Paulo , desenvolveu um produto com características semelhantes. Mas não uma tinta, e sim um verniz acompanhado do removedor. Após a pichação, a superfície pintada com este produto pode ser limpa. O verniz é encontrado em lojas especializadas de Curitiba (para consultar os endereços basta ligar para a central de atendimento da empresa). É vendido em um galão de cinco litros (suficiente para cobrir uma parede de 25 metros quadrados) a R$ 216. O removedor custa R$ 50 o litro.
De acordo com o arquiteto Leonardo Heitz, da Leonardo Heitz Arquitetura, são poucas as opções disponíveis para a proteção contra a pichação. Para ele, as tintas e vernizes especiais são mesmo as mais eficientes. "Mas é o morador quem deverá projetar os gastos para saber se o investimento compensa ou não. Às vezes é mais barato repintar do que pintar com esses materiais. Porém, não dá para esquecer a trabalheira e os gastos com mão-de-obra", explica.
Para quem procura uma solução alternativa, com custos menores, o arquiteto aconselha cuidar na hora de escolher a estrutura frontal da residência. "No lugar dos muros, quem está construindo pode optar por grades", diz. Outra sugestão do profissional são as tradicionais plantas de parede. "Existem diversas espécies para cobrir todo o muro. Mas o morador deve estar disposto a arcar com os cuidados constantes de rega, limpeza e poda", alerta.
Serviço: Quimline Produtos Químicos (11) 5181-4733 . Bautech (11) 5572-1155. Bosa Vidraçaria (41) 3372-1412.



