
O que é lixo para alguns, pode ser uma rica fonte de inspiração para outros. Em época em que a palavra de ordem é sustentabilidade (conceito que define práticas que, entre outros fatores, protejam o meio ambiente), os materiais recicláveis estão sendo cada vez mais usados por designers, artistas e artesãos também na construção de móveis e objetos de decoração. Com muito estudo e consciência ecológica, resíduos como garrafas pet, papel e pneus se tranformam em cadeiras, poltronas, futons e mesas.
Em Curitiba, os irmãos Adílio e Adeildo Santos dão vida à célebre frase do químico francês Antoine Lavoisier: "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Donos da empresa Paper.Art, desde 2006 transformam materiais como papel e garrafas pet em móveis que mais parecem objetos de arte. Embora não tenham formação em design de produtos Adílio era marceneiro e Adeildo trabalhava com publicidade os irmãos têm traço apurado. "Antes de iniciar um projeto estudamos muito a estrutura do material que vamos utilizar e a sua resistência. Nossa ideia não é apenas fazer um móvel bonito. Queremos criar algo funcional", explica Adílio Santos.
A opção pelos materiais recicláveis veio com a consciência ambiental dos dois artistas. "Desenvolvemos produtos procurando impacto zero ao meio ambiente. Nossos móveis são feitos com materiais alternativos e reaproveitáveis. Mesmo quando o dono não o quiser mais, poderá virar outra coisa", comenta Adeildo Santos.
A principal matéria-prima dos móveis da Paper.Art é o papel. Em diferentes consistências, pelas mãos dos artistas já virou móveis inteiros, como a Cadeira Brasil um dos destaques no ateliê da dupla, no bairro Bom Retiro. "A única coisa além do papel foi a tinta que utilizamos, que é à base dágua e não agride a natureza". Para os mais desconfiados, Adeildo vai logo avisando. "Utilizamos em grande parte dos nossos móveis impermeabilizante ou verniz ecológico. Isso garante a durabilidade, mesmo quando expostos à chuva", diz.
Junto ao papel, os irmãos já exploraram materiais como garrafas pet em luminárias e como estofamento de poltronas e chaises, amarras de algodão em chaises e lonas em cadeiras e poltronas. O processo de construção dos móveis ainda é artesanal, mas o público, definem os profissionais, está começando a se expandir. "Hoje vendemos mais para as empresas, mas percebemos que as pessoas também estão começando a se interessar por esse tipo de design", conta Adílio Santos.
Futons sob garrafas
Que tal um confortável futon feito com garrafas pet? A combinação que pode parecer exótica foi a solução encontrada pelo casal Eduardo e Virgínia Cabral, da Biofuton, do Rio de Janeiro, para continuar produzindo o mobiliário, mas reduzindo o impacto ambiental do processo. "Desde 1977 minha família fabrica futons. Foi há 10 anos, no entanto, que começamos a focar mais na questão da sustentabilidade. Foi quando percebemos que o mercado começou a absorver essa ideia dos produtos ecológicos", diz Cabral.
As garrafas pet passaram a ser utilizadas na base do móvel, ocupando o lugar de materiais que resultam em impacto ecológico, como madeira e metal. A resistência e a qualidade final do produto são as mesmas de um feito da forma tradicional, garante Cabral.
Além das garrafas, a dupla investe em fibras naturais e tecido ecológicos no revestimento de seus produtos. "O trabalho com materiais ecológicos representa um ganho geral. A empresa se torna ecologicamente responsável e para a população é uma ação positiva de sustentabilidade." A Biofuton fabrica também tatames, sofás e almofadas.
Serviço:
Paper.Art (41) 3027-4656.
Biofuton (21) 2422-8914 e (21) 3079-2773.
ONG Arte Em Pneus (11) 9719-2722.










