
A segurança dos moradores e do patrimônio está entre as principais vantagens dos condomínios residenciais. Muitas vezes, porém, o aparato necessário para garantir esse conforto é o que mais pesa na taxa de manutenção dos edifícios e conjuntos: câmeras, cercas, muros fortificados, empresas de vigilância e, principalmente, a portaria funcionando 24 horas. "Em alguns locais, a portaria 24 horas corresponde a mais de 50% da taxa de condomínio", diz o presidente dos administradores de condomínio do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), Gilmar Sielski. Segundo ele, a preferência por manter um porteiro em tempo integral não acompanha os índices de violência. "A decisão não depende de região ou poder aquisitivo, é uma escolha dos moradores".
A síndica do edifício Nova Cidade, no bairro Água Verde, Danielle Werneck Nunes, dá outra razão para a portaria 24 horas, mesmo que o custo do serviço corresponda a 40% da taxa de condomínio. "Os moradores não abrem mão tanto por segurança quanto por comodidade. Eles têm medo que correspondências possam ser extraviadas, por exemplo", diz.
Na avaliação de Michel Pires Siqueiro, sócio-administrador da F&F Administradora, empresa responsável pela gerência de mais de 70 condomínios em Curitiba e região metropolitana, o porte do conjunto residencial também determina a contratação do porteiro por 24 horas. "Os edifícios pequenos, com menos de 30 unidades, dificilmente dispõem do serviço, por causa do custo. Já os maiores investem na portaria, com circuito interno de TV e até equipes de segurança terceirizada".
Contratação
Para manter a portaria permanentemente funcionando, os síndicos esbarram em uma dificuldade muito comum: a contratação de profissionais qualificados. Danielle, do Nova Cidade, explica que a questão salarial é o principal obstáculo. "Se a oferta for pelo piso da categoria, que é realmente é baixo, o trabalho não é muito atrativo para o funcionário. É preciso pagar mais ou incluir algum tipo de benefício". Outro fator decisivo são os horários. "Todos querem trabalhar à noite, por causa do adicional noturno, que é de 30% do salário base, a partir das 22 horas", conta.
O crescimento do mercado nos últimos anos também complicou a busca por mão de obra. "Nós temos dificuldade para manter funcionários por causa do mercado aquecido dos últimos dois anos, além das exigências para contratação, como cursos de qualificação, recomendação e ausência de antecedentes criminais", explica Siqueiro.
A despesa com o serviço não fica limitada ao salário dos porteiros. Para funcionar adequadamente, são necessários funcionários para acompanhar as imagens das câmeras e também para rondas internas, para checagem dos portões do imóvel, por exemplo. Para Sielski, do Secovi-PR, o porteiro 24 horas nem sempre é tão vantajoso quanto parece. "Para uma portaria ser realmente 24 horas, ela precisaria da presença de dois porteiros, que irão se revezar em intervalos para refeições, descanso e uso do banheiro".
Tecnologia completa sistema de segurança usado pelos síndicos
Os condomínios têm dificuldades para encontrar alternativas à portaria 24 horas. A contratação de uma empresa terceirizada para fazer a segurança pode demandar um gasto igual ou superior, e a presença de câmeras e fechaduras eletrônicas ainda exige um funcionário para monitorar o equipamento.
O condomínio Garden Odessa, na CIC, que tem porteiros em tempo integral, circuito interno e externo de câmeras, e entradas que exigem que o morador forneça um código de segurança para acessar o prédio, pretende implementar também um sistema de reconhecimento biométrico. "Queremos evitar qualquer tipo de problemas futuros", diz o síndico Marcel Augusto Kovalink Wachowicz.
Danielle Werneck Nunes, do Nova Cidade, conta que já tentou oferecer opções para reduzir custos do condomínio, como manter o porteiro apenas durante a noite e utilizar uma fechadura magnética durante o dia. "Mas a proposta foi rejeitada".




