
Após seguidos anos de alta, o mercado imobiliário de Curitiba começou o ano em marcha lenta. A conclusão parte dos resultados modestos alcançados pelo segmento no primeiro trimestre de 2015, caracterizados pela retração na oferta e desaceleração dos preços, embaladas pelo desaquecimento da economia.
Entre janeiro e março, o reajuste médio acumulado pelos apartamentos novos na capital foi de 0,8% – número 3,03 pontos porcentuais abaixo da inflação de 3,83% registrada no período, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os dados são da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).
A forte alta da inflação e o momento econômico difícil contribuíram para a desaceleração do preço, na opinião dos especialistas. “O desaquecimento da economia, somado às várias medidas que dificultaram o financiamento imobiliário, fez com que algumas empresas adotassem a estratégia de praticamente congelar seus preços, não repassando o INCC [Índice Nacional de Custo da Construção] todos os meses para a tabela e reduzindo suas margens, conta Fábio Tadeu Araújo, diretor de pesquisa de mercado da Ademi-PR.
As campanhas de vendas realizadas pelas construtoras no período e a retração na oferta de novas unidades também ajudaram a frear o reajuste. “O que eleva o valor do metro quadrado são os lançamentos. Como eles foram poucos, e sem a presença de um grande empreendimento neste começo de ano, é natural que os preços sofram poucas alterações”, explica o gerente regional da PDG em Curitiba, Felipe Sebben.
O reajuste mais elevado do trimestre – 1,2% – foi registrado pelos apartamentos de dois dormitórios, comercializados a R$ 5,7 mil o metro quadrado privativo em março. A justificativa está na redução dos lançamentos desta tipologia com perfil econômico, que recuaram de 1,2 mil para 24 unidades no primeiro trimestre de 2015 contra o mesmo período de 2014 . Com isso, explica Araújo, houve maior participação dos imóveis de padrão standard e médio nas vendas, elevando o preço médio do metro quadrado desta tipologia.
O cenário é de apreensão e cautela e demanda paciência para a tomada de decisão. Na opinião de Sebben, é preciso esperar esta “grande turbulência passar” para, aos poucos, retomar os lançamentos. “Eles devem retornar com mais forças no segundo semestre. Acreditamos que a partir de 2016 o mercado vai viver um momento, mais saudável”, avalia.
A Ademi-PR projeta uma valorização entre 5% e 7% para os imóveis em 2015, número que deve ficar levemente abaixo da inflação do ano e próximo dos 7,1% alcançados pelo setor em 2014.



