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Vida em condomínio

“Prefeitos” em busca de harmonia nos edifícios

Trabalho de síndico exige cada vez mais profissionalização, com conhecimentos de administração, contabilidade e até psicologia

Siomara Kaltowski é síndica do Parque Residencial Fazendinha: responsabilidade pelo bom convívio dos 2,7 mil moradores | Antônio More/ Gazeta do Povo
Siomara Kaltowski é síndica do Parque Residencial Fazendinha: responsabilidade pelo bom convívio dos 2,7 mil moradores (Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo)

Algumas profissões ou funções, independentemente da com­­petência da pessoa responsável pelas tarefas, são alvos constantes de críticas entre os brasileiros. Neste sentido, o síndico, assim como o árbitro de futebol, tem uma tarefa das mais ingratas – mesmo desempenhando um bom papel, resolvendo os problemas entre os moradores e trabalhando diariamente para manutenção da ordem no edifício, ele é, muitas vezes, visto pelos mo­­radores com certa desconfiança e alvo de várias reclamações.

Apesar disso, a atividade de admi­­nistrar um condomínio mu­­dou bastante nos últimos anos, as pessoas que assumem esta função vêm buscando qualificação. An­­tigamente, não raro era encontrar o posto ocupado por um morador aposentado, disposto a ocupar o tempo livre, ou por uma dona de casa que "sabia tudo que acontecia no local". Diante do aumento do porte dos condomínios – hoje é possível encontrar locais com mais moradores que a população de pequenas cidades –, as exigências do mercado e as obrigações trabalhistas e tributárias, exige-se que o síndico seja um profissional preparado e entendedor das diversas áreas relacionadas ao trabalho.

"Não existe mais espaço para amadores", afirma o vice-presi­den­­te da área de condomínios do Sindicato da Habitação e Condo­mínios do Paraná (Secovi-PR), Dir­­ceu Jarenko. "A pessoa precisa en­­tender de economia, recursos hu­­manos, mediação, legislação, admi­­nistração e até mesmo um pouco de psicologia", argumenta.

Jarenko considera que administrar um condomínio é semelhante à administração de uma empresa. Ou seja, é preciso saber gerenciar os funcionários, evitando ações trabalhistas, e ter responsabilidade com as despesas e receitas, para não gerar prejuízo. "A única diferença é que o condomínio não gera lucro. Mas é preciso gerenciar empregados, pagar contas, mediar conflitos e acompanhar as mudanças da legislação, entre outras situações."

Função

De uma forma geral, o síndico é uma espécie de prefeito, uma vez que é o representante legal e responsável pelo gerenciamento e administração do local, tudo de acordo com as regras estipuladas pela convenção do condomínio.

A síndica do Parque Residencial Fazendinha, atualmente o maior condomínio residencial de Curi­tiba, Siomara Freitas Kaltowski, conhece bem as tarefas da profissão. Há sete anos no cargo, ela sabe que os tempos mudaram e os mo­­radores estão cada vez mais exigentes. "As pessoas estão mais co­­nhecedoras dos direitos. O síndico deve ajudar a fazer cumprir não só os direitos, mas os deveres também", aponta. Nas 640 unidades do residencial moram cerca de 2,7 mil pessoas.

Para o vice-presidente da área de condomínios do Secovi-PR, um bom síndico precisa receber as reclamações, entrar em contato com o outro lado e, dentro do possível, procurar a harmonia entre as partes. "Não pode sair multando. Precisa haver parcimônia e intermediar a situação", explica.

Todavia, não havendo acordo, a solução é aplicar advertência verbal, escrita e, em último caso, multa. Siomara destaca que, além da atuação do síndico, o morador precisa saber que o direito dele termina quando começa o do outro. "Há pessoas que só sabem dos seus direitos e esquecem as outras pessoas. O principal é saber exercer a tolerância e saber conviver com pessoas diferentes", ressalta.

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