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Comportamento

Qual o desejo do curitibano?

Profissionais que atuam no mercado imobiliário da capital revelam algumas características marcantes dos moradores da cidade quando pensam na moradia ideal

Lucas Alexandre Krause não tem filhos e mora com a mulher em um apartamento de dois quartos no Água Verde | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Lucas Alexandre Krause não tem filhos e mora com a mulher em um apartamento de dois quartos no Água Verde (Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo)

Encontrar o imóvel ideal para morar ronda o imaginário de muitas pessoas, é verdade que nem sempre um desejo que pode ser concretizado. Por causa do clima, estilo de vida e tradições, o curitibano tem desejos es­­pecíficos, não tão relevantes a populações de outras cidades do país. Algumas características ultrapassaram décadas, outras mudaram com o passar dos anos ou foram incorporadas de culturas externas. A Gazeta do Povo consultou profissionais da capital, que atuam há bastante tempo na área, para saber um pouco mais sobre este perfil.

O que mudou

Nos últimos cinco anos tem sido grande a procura por apartamentos de dois quartos, em consequência da diminuição das famílias. Em 2010, representaram 50% dos lançamentos imobiliários, afirma o consultor do Sindicato da Cons­­trução Civil do Paraná (Sinduscon-PR), Marcos Kahtalian. "A preferência por três quartos ainda é forte, mas a procura por unidades com mais de dois dormitórios está diminuindo."

Outra característica que desperta o desejo dos curitibanos nos últimos anos é o condomínio-clube destinado a faixas de menor renda. "Quanto mais opções de lazer, mais interessa. Diferente­mente das pessoas de maior renda. São itens importantes, mas elas preferem a melhor adequação ao invés de quantidade", diz Kahtalian.

O que as pessoas costumavam fazer dentro de casa, estão fazendo fora, avalia o diretor-geral da Galvão Vendas, Gerson Carlos da Silva. Por isso o grande interesse em áreas externas e de lazer oferecidas por esses condomínios, afirma. "Um dos motivos é a mudança de hábitos, da cultura e de costumes das famílias que vieram de fora da capital. Pelo menos 50% da população não é daqui", aponta Silva.

A exceção entre as classes com rendas elevadas são os consumidores que querem morar na região do Ecoville, afirma o superintendente da Apolar, Jean Michel Galiano. "Per­­cebemos a aceitação por condomínios-clubes muito clara entre este grupo, porque escolheram um local que não tem oferta grande de itens que oferecem, como academia e piscina."

Silva observa que o curitibano está mais preocupado com a insolação. Um hábito que não ocorria, afirma ele, é ter lançamentos preparados para a instalação de ar-condicionado. "O clima mudou muito e as temperaturas subiram em Curitiba. Vários imóveis, mesmo de tamanhos menores, estão adaptados. Fica a cargo do morador definir pela compra do aparelho."

O que permanece

Não é à toa o surgimento de ofertas de apartamentos novos com sacadas e churrasqueiras como "item de fá­­brica". A tradição sulista de consumir carne justifica esse interesse do curitibano, comenta Silva. "E são equipamentos à carvão, que deixam o churrasco bastante característico", diz.

Manter as raízes fincadas na mesma região de origem por anos é outro ponto forte comentado pelos profissionais. "70% dos compradores moram em um raio de dois quilômetros de onde foram criados. Mas isso ocorre no país inteiro, é um hábito de vida", destaca o consultor Kahtalian. Quando não é assim, a mudança acontece para próximo do local de trabalho ou para o local de origem da mulher ou do marido.

O desejo de morar em casa, ainda que não seja realizado, permanece. Em muitos casos precisa ser forçadamente descartado, por questões de segurança ou mobilidade.

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