"Acho que em qualquer época eu teria amado a liberdade; mas na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la"
(Tocqueville)

Esquerda deteriora mais uma democracia na América Latina. A bola da vez foi a Nicarágua

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Lula ao lado de Daniel Ortega, presidente da Nicarágua acusado de promover violações a Direitos Humanos
Lula ao lado de Daniel Ortega, presidente da Nicarágua acusado de promover violações a Direitos Humanos

A América Latina passou por inúmeros governos de extrema-esquerda ao longo das duas últimas décadas. Agora a conta está chegando.

O Brasil, como mostramos em outro post, passou por uma deterioração no nível de suas liberdades civis e econômicas, além de uma queda nos rankings de democracia e de percepção da corrupção.

E não foi “só” isso. Passamos pela pior recessão econômica da história do país, fato que jogou mais de 8 milhões de pessoas para baixo da linha da miséria destruiu milhões de empregos, além de provocar uma alta nos índices de mortalidade infantil. E ainda não nos levantamos completamente do tombo. De quebra, apresentamos atualmente resultados educacionais pavorosos, com índices alarmantes de analfabetismo funcional.

Infelizmente, não se trata de exclusividade brasileira. Venezuela e Argentina passaram por fortíssimos retrocessos. E Equador e Bolívia também tiveram problemas.

A mais nova vítima do populismo latino-americano? A Nicarágua.

A Crise na Nicarágua

Grupo Paramilitar apoiador do ditador Daniel Ortega - Foto: MARVIN RECINOSAFP
Grupo Paramilitar apoiador do ditador Daniel Ortega – Foto: MARVIN RECINOSAFP

A Nicarágua atualmente é governada por Daniel Ortega, político de esquerda, hoje com 72 anos. Ele chegou à presidência pela primeira vez em 1985, lá ficando até 1990. Em 2006 voltou ao cargo, em que permaneceu em 2011 e 2016 após duas reeleições seguidas.

A Constituição da Nicarágua, em virtude de emenda aprovada em 2014, durante o governo Ortega e liderada por ele, permite sucessivas e ilimitadas reeleições. Mudança constitucional, aliás, acompanhada de outras que abalaram a institucionalidade do país, concentrando cada vez mais poder na figura presidencial, aos moldes de outros governos bolivarianos da América Latina. A Emenda, por exemplo, passou a permitir que o Presidente edite decretos com força de lei, independentemente de aprovação do Poder Legislativo. Ortega também cerceou a liberdade de imprensa. Nas últimas eleições, em 2016, mediante manobra promovida pelo Judiciário do país, o principal líder de oposição foi impedido de concorrer, além de 16 lideranças de oposição no Parlamento terem sido destituídas pelo Tribunal Eleitoral dominado pelo presidente.

A lição deve ser proclamada em alto e bom tom no Brasil, em que, em recente pesquisa IPSOS, cerca de 90% dos entrevistados disseram concordar total ou parcialmente com a seguinte afirmação: “Para consertar o Brasil, precisamos de um líder forte disposto a infringir as regras”.

Com poderes virtualmente ilimitados, o ex-guerrilheiro passou a reprimir violentamente a oposição, após protestos iniciados contra o governo, valendo-se de forças armadas oficiais e paramilitares. Matéria intitulada “Quem é o líder de esquerda que tem promovido um banho de sangue na América Central?“, do Portal UOL, registrou que: “O banho de sangue na Nicarágua supera a forte repressão realizada, no ano passado, pelo ditador Nicolás Maduro contra os opositores que tomaram as ruas da Venezuela“.

De fato, a repressão já assassinou quase 400 vítimas. Há, ainda, cerca de 1.500 feridos e mais de 260 desaparecidos. Moradores das regiões alvo da repressão do governo relatam inúmeros casos de tortura.

Segundo reportagem da Gazeta do Povo: “O conselho permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovou nesta quarta-feira, com 21 votos a favor, três contrários e sete abstenções, uma dura resolução que condena a violência do governo de Daniel Ortega na Nicarágua, envolta em uma crise em meio a fortes protestos contra o presidente esquerdista. “A CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), que visitou a Nicarágua em missão recente, considerou a situação “alarmante” e denunciou “práticas de terror, com detenções em massa e assassinatos”. 

Órgãos da ONU também já condenaram a atuação do governo, conforme registrado em matéria deste mesmo jornal: “‘A terrível perda de vidas deve parar – agora’, disse um porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU. ‘A violência é ainda mais horrível, já que elementos armados leais ao governo estão operando com o apoio ativo ou tácito da polícia e de outras autoridades estatais’. O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursando da vizinha Costa Rica na segunda-feira, condenou o ‘uso da força por parte de entidades ligadas ao Estado’.”

A entidade internacional ainda afirma que projeto de lei na Nicarágua poderá criminalizar manifestações pacíficas, restringindo liberdade de expressão política.

A repressão no país também assumiu ares anticlericais. O ditador chamou a Igreja Católica de “golpista” e tem investido contra os católicos, os quais têm se mobilizado e convocado gigantescas marchas contra o governo.

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