"Acho que em qualquer época eu teria amado a liberdade; mas na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la"
(Tocqueville)

3 razões para Bolsonaro recriar o Ministério da Segurança Pública

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O novo ministro da Justica e Seguranca Publica, Andre  Mendonca e o presidente da Republica, Jair Bolsonaro, durante a solenidade de posse no Palacio do Planalto  ( O novo ministro da Justica e Seguranca Publica, Andre  Mendonca e o presi
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Conforme noticiou a Gazeta do Povo, o ministro André Mendonça, titular da pasta que hoje cumula  matérias da Justiça e Segurança, afirmou que o governo estuda recriar um Ministério exclusivo para a Segurança Pública.

Acreditamos que seria o caminho correto.

Isso por três razões: uma pragmática; outra de caráter político; e, por fim, um motivo simbólico.

O argumento pragmático é simples: a experiência do Ministério de Segurança Pública em 2018 funcionou. De fato, naquele ano, o então Presidente Michel Temer inovou ao criar a pasta. Os resultados foram excelentes. Após uma década de crescimento dos números de homicídios, o país conseguiu realizar uma inflexão e reverter a tendência, registrando a maior redução de assassinatos em 11 anos, com uma queda de cerca de 13% nos indicadores.

Embora não se saiba exatamente todos os fatores que levaram àquela redução na violência, é bastante intuitivo e provável que a especialização de uma pasta, com um corpo de servidores para se dedicar exclusivamente à temática tenha concorrido para o resultado positivo.

Em segundo lugar, há um motivo político, também singelo: a questão da Segurança Pública foi um dos motes da campanha presidencial de Jair Bolsonaro e, por isso, merece que o tema tenha forte protagonismo, o que deve se revelar também em termos de estrutura administrativa a ele destinada. Além disso, a bancada da Segurança Pública no Congresso Nacional tem um discurso alinhado com o Governo Bolsonaro e a criação do Ministério permite a indicação de um dos respectivos parlamentares ou indicações aptas a estreitar o intercâmbio político entre Executivo e Legislativo. Inclusive, nos últimos dias, houve notícias de que o Planalto já teria convidado parlamentares ligados ao tema para tratar do assunto.

Por fim, o argumento simbólico: durante a campanha, Bolsonaro defendeu dois pontos com bastante veemência, a indicação de quadros técnicos e dureza com o crime. Uma postura coerente com esse discurso exige que o ministro da Segurança Pública seja um nome com expertise no assunto e comprometido com o combate à criminalidade. Contudo, como hoje essa matéria está imbricada no Ministério da Justiça, um só ministro teria de ser um grande juristaalguém que entenda de segurança além de apresentar um marcado compromisso de dureza com o crime. O problema é que o rol de pessoas com esse perfil é restrito. Sérgio Moro, a princípio, cumpria o papel. Sendo um magistrado respeitado, ele passava no teste como jurista. E tendo atuado principalmente com matérias criminais relevantes, era visto como alguém capacitado também para a atuação na segurança pública.

Com a saída de Moro, o Governo ficou sem alguém capaz de preencher esse vácuo simbólico. Bolsonaro possui bons juristas para indicar para a pasta. Ele também é próximo da bancada de Segurança Pública, com várias pessoas com discurso alinhado e que conhecem do assunto. Mas, aparentemente, ele não tem mais essas duas características somadas na mesma pessoa. Daí, porque dividir o Ministério, podendo apontar um ministro com o respectivo perfil para cada pasta, pode ajudar nesse sentido.

Em suma, tendo em vista que a experiência de um Ministério especializado em Segurança Pública trouxe bons resultados e que sua recriação permitiria que o tema adquirisse uma relevância compatível com o protagonismo que teve durante a campanha de Bolsonaro, além de viabilizar a indicação de um especialista com visão alinhada e uma aproximação com grupos ligados à temática no Congresso, acreditamos que a reinstituição da pasta seria uma medida acertada.

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