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O contraturno escolar tem ganhado espaço no debate educacional como uma estratégia eficaz para ampliar o tempo de aprendizagem e promover o desenvolvimento integral dos estudantes. Mais do que simplesmente prolongar a jornada escolar, trata-se de qualificar esse tempo com atividades que dialogam com as múltiplas dimensões da formação humana —intelectual, física, emocional, social e ética.
No Brasil, os desafios históricos de desigualdade e insuficiência de tempo dedicado ao aprendizado sempre colocaram barreiras ao avanço da educação básica. De acordo com o Censo Escolar 2023, apenas 22,9% dos estudantes da Educação Básica estão matriculados em tempo integral, o que demonstra que a maioria dos estudantes ainda permanece em regime parcial — cerca de quatro a cinco horas por dia na escola. Em países com melhores indicadores de qualidade educacional, a jornada escolar ultrapassa as sete horas diária.
Do ponto de vista legal, a proposta se alinha a importantes marcos normativos. A Lei nº 13.005/2014, que institui o Plano Nacional de Educação (PNE), estabelece como meta a ampliação da jornada escolar para pelo menos sete horas diárias em 50% das escolas públicas e para 25% dos estudantes da educação básica. Mais recentemente, a Portaria nº 1495/2023, no âmbito do Programa Escola em Tempo Integral, reforça a necessidade de expandir matrículas em tempo integral, sinalizando a urgência de políticas públicas que permitam essa ampliação com qualidade e equidade.
O contraturno escolar é um dos caminhos mais viáveis para concretizar esse objetivo. Por meio dele, estudantes permanecem mais tempo em ambientes educativos, participando de oficinas de reforço escolar, esportes, cultura, tecnologia, cidadania e atividades socioemocionais. É uma oportunidade de garantir o direito à educação integral, conforme previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que propõe o desenvolvimento de competências essenciais à formação plena dos cidadãos.
A implementação do contraturno, no entanto, exige mais do que boa vontade. É necessário planejamento, investimento e articulação entre diferentes setores. Experiências bem-sucedidas têm surgido justamente de parcerias entre poder público e organizações com expertise em educação.
A atuação do SESI no contraturno
O Sesi tem se destacado como um dos principais agentes na oferta de programas de contraturno escolar em todo o país, com especial foco em parcerias com municípios e estados. Com sua expertise na oferta de educação de qualidade voltada para o mundo do trabalho, o Sesi Contraturno Mentes Criativas adota uma metodologia participativa, lúdica e criativa, voltada para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, cognitivas e motoras. As atividades são planejadas por profissionais qualificados, com foco na formação de cidadãos críticos, criativos e colaborativos. Além disso, o programa valoriza a inclusão, a diversidade e o protagonismo dos estudantes, promovendo um ambiente acolhedor e estimulante.
Iniciativas como essa demonstram que é possível transformar a escola em um espaço mais atrativo, inclusivo e conectado com os desafios do século XXI. Ao investir no contraturno, damos um passo concreto para enfrentar a evasão escolar, melhorar o desempenho acadêmico e formar cidadãos mais preparados para a vida em sociedade.
Educar em tempo integral não é apenas aumentar a carga horária. É oferecer mais oportunidades de aprendizagem com sentido, avançando no combate à desigualdade e na construção de uma escola mais justa, significativa e transformadora.
Helen Braga de Barros – Coordenadora de Educação para Gratuidade, EJA (Educação de Jovens e Adultos), Educação Continuada e Projetos Educacionais com o Poder Público.
Jaqueline França da Silva – Analista de Educação e Negócios do Sistema Fiep



