
Ouça este conteúdo
Vivemos um tempo em que os estudantes acessam em segundos informações que, há alguns anos, exigiam uma ida à biblioteca, consultas a enciclopédias e horas de pesquisa. Com tantas transformações acontecendo dentro e fora da sala de aula, me pego pensando: como tornar a aprendizagem realmente significativa para essa nova geração?
Como educadora, sei que ensinar vai muito além de repassar conteúdos. É sobre criar experiências que façam sentido, que despertem a curiosidade e que conectem o saber à vida real. Nesse cenário, as metodologias de aprendizagem não são uma tendência passageira: são uma resposta concreta aos desafios de engajar, motivar e formar estudantes para um mundo em constante mudança.
O que são metodologias de aprendizagem e por que importam?
As metodologias de aprendizagem propõem uma nova forma de compreender o ensino: saímos de um modelo centrado no professor como fonte única de conhecimento e caminhamos para práticas que colocam o estudante no centro do processo. Ele se torna protagonista — ativo, reflexivo e criativo — desenvolvendo habilidades como autonomia, colaboração, empatia e pensamento crítico, em consonância com as competências da BNCC.
Acredito que metodologias ativas e inovadoras nos ajudam a construir contextos em que aprender tem propósito — e não apenas obrigação. É necessário ir além da memorização de conteúdos e criar experiências de aprendizagens, que provoquem os estudantes a investigar, refletir, criar e aplicar seus conhecimentos em situações reais e relevantes.
Cada uma dessas metodologias traz um convite à participação ativa do estudante, ao mesmo tempo em que favorece o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais.
A Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL), por exemplo, oferece situações desafiadoras que partem da realidade, promovendo a interdisciplinaridade e o pensamento criativo. Já a sala de aula invertida rompe a lógica tradicional e permite que o tempo presencial seja usado para debate, construção coletiva e aprofundamento — com o estudante chegando mais preparado, mais confiante.
Também vejo a gamificação como uma aliada poderosa. A ideia de aprender com base em jogos, desafios e missões pode parecer simples, mas os resultados em engajamento, colaboração e superação são expressivos — principalmente entre os adolescentes.
Outras abordagens, como a aprendizagem por investigação, estudos de caso e simulações, aproximam a escola do mundo real. E isso me leva a um exemplo concreto que aplicamos no Colégio Sesi: as Oficinas de Aprendizagem. Nessas oficinas, os estudantes se reúnem em equipes, em mesas redondas para construírem saberes e mergulharem em desafios e situações-problema que os provocam a pensar, criar e encontrar soluções a partir de diferentes áreas do conhecimento. É uma metodologia que coloca o estudante em movimento — intelectual, emocional e prático —, e que estimula o desenvolvimento de competências essenciais para o mundo, para a vida e para o trabalho, como a resiliência, empatia, colaboração, comunicação e relacionamento interpessoal.
Quando bem planejadas e contextualizadas, essas metodologias ativas transformam a dinâmica em sala de aula. Os estudantes participam, perguntam e criam mais. O clima muda. O sentido do aprender se torna mais claro — para eles e para nós, educadores.
Ao mesmo tempo, precisamos ser realistas. Implementar essas metodologias de forma consistente ainda é um desafio. Nem sempre é simples abandonar modelos que funcionaram durante décadas. Existe resistência, insegurança, falta de tempo e se desenvolvimento profissional docente. Já ouvi mais de uma vez: “Mas será que vai dar tempo de ver todo o conteúdo assim?”.
E é aí que entra a importância da construção coletiva. De entender que aplicar metodologias de aprendizagem não é seguir uma receita pronta, mas adaptar as propostas à realidade da escola, da turma, do território. É um processo — e como todo processo, exige investimento, formação, escuta e coragem.
Educar, atualmente, é um exercício constante de adaptação e confiança na aprendizagem, nos vínculos e na capacidade de transformar realidades. Nesse contexto, talvez a reflexão mais importante não seja “qual metodologia aplicar?”, mas sim: Como tornar a prática mais significativa para os estudantes?
Essa pergunta, para mim, é o verdadeiro ponto de partida para uma educação com propósito.



