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O papel das simulações da ONU na formação de cidadãos globais

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Um dos maiores desafios da prática docente é encontrar caminhos para construir, com os alunos, um aprendizado significativo e com sentido, que conecte as competências e habilidades desenvolvidas no ambiente escolar com as suas realidades. Desse modo, quando esse obstáculo é superado, o aluno se sente motivado e percebe que o conhecimento adquirido em sala de aula pode modificar a sua própria experiência e a sua comunidade. 

        Com isso em mente, uma das práticas pedagógicas implementadas no Colégio SESI é o projeto de Simulação dos Comitês da Organização das Nações Unidas. Essa prática educativa consiste em fazer com que os alunos assumam o papel de diplomatas de diferentes países para debater temas relevantes para a comunidade internacional. Nessa dinâmica, eles pesquisam tanto a problemática, quanto os tratados já estabelecidos pela comunidade internacional e o posicionamento oficial do país que representam. 

Para alcançar esse objetivo, o aluno precisa estar preparado para exercer suas habilidades de oratória por meio de discursos persuasivos, demonstrar pensamento crítico e colaboração ao redigir documentos que propõem soluções factíveis para as questões debatidas, e exercitar a liderança ao defender os interesses de seu país e articular alianças com outros delegados na formação de blocos de países. Por fim, é necessário apresentar os documentos de resolução ao grande grupo e responder com embasamento aos possíveis questionamentos da assembleia, incluindo grupos de oposição.  

Desse modo, é notável como esse projeto proporciona aos jovens uma imersão prática em temas complexos e globais, preparando-os para atuar em um mundo cada vez mais interconectado. Em suas pesquisas, os participantes precisam verificar como vários setores, inclusive industriais, são importantes para a discussão de questões como mudanças climáticas, inovação tecnológica, direitos humanos, segurança internacional e desenvolvimento sustentável. Portanto, eles compreendem como marcos legais e políticos, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), influenciam e são influenciados por diferentes atores, desde Estados nacionais até o setor privado e a sociedade civil. 

Essa prática não é novidade no contexto internacional, sendo reconhecida internacionalmente por universidades de grande prestígio. Essas instituições, como Harvard, Oxford e Yale, promovem essas simulações para alunos de todo o mundo. Nesses eventos, jovens de diversos países se reúnem para discutir, negociar e pensar, de forma criativa e em língua inglesa, soluções eficazes para problemas reais. Além de desenvolver habilidades essenciais para a cidadania global, os estudantes têm a oportunidade de receber prêmios, de acordo com o seu desempenho nos comitês. Para exemplificar, o Colégio SESI Curitiba Centro já proporcionou que cinco alunos subissem ao pódio na simulação de Oxford, na Inglaterra; quatro fossem condecorados na simulação organizada por Yale; e um estudante fosse premiado na simulação mais competitiva do mundo, a organizada por Harvard. Dentre esses resultados, em quatro ocasiões recebemos a maior premiação (Best Delegate) destacando o nosso país nessas competições. 

Outra iniciativa organizada para os alunos interessados em simulações foi o projeto “Talentos Jovens pela Indústria”, inserido no Seminário de Negócios Internacionais realizado pelo Sistema Fiep e chancelado pelo Centro Internacional de Formação para Autoridades e Líderes (CIFAL), vinculado ao Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa (UNITAR). Em agosto, aconteceu a segunda edição do projeto, na qual, com apoio de Consulados Gerais e Honorários em Curitiba, os alunos discutiram a geopolítica da sustentabilidade e o papel da indústria. Nesse evento, eles entrevistaram empresas e atores envolvidos nas temáticas ambientais e de relações internacionais, levantaram dados por meio de pesquisas, interagiram com membros dos corpos consulares e criaram dossiês para defesa de suas propostas.  

Diante dessas experiências, é possível afirmar que as simulações vão além da teoria. Mais do que simular os comitês da ONU, essas iniciativas constroem um espaço para os jovens perceberem que a resolução de problemas complexos exige cooperação, compreensão e um senso de responsabilidade para com o outro e com o planeta. Assim, eles descobrem o potencial de sua própria voz ao simularem agentes de mudança reais. Desse modo, não apenas investimos na formação acadêmica, mas também colaboramos para a construção de um futuro mais esperançoso, liderado por jovens globais, críticos, corajosos e conscientes de seu papel em nossa sociedade. 

Artigo escrito por Tiago Cantuario da Silveira, professor e mentor do projeto de simulações da ONU do SESI Paraná.

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