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A educação brasileira enfrenta desafios históricos e persistentes que assombram a todos: gestores, educadores, famílias e autoridades no tema. Quando nos deparamos com os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) de 2000 a 2022, nas três áreas avaliadas (Leitura, Matemática e Ciências) os resultados têm se mantido praticamente estáveis, com variações pequenas e não significativas. O problema é que esses resultados estão estagnados em uma zona de desconforto e que deveria nos levar a reflexões. Em 2022, por exemplo, as médias da OCDE (OECD PISA Reports) foram 472 em Matemática, 476 em Leitura e 485 em Ciências, enquanto isso, nossos resultados foram 410, 379 e 403 respectivamente nas áreas mencionadas, ou seja, significativamente abaixo das médias mundiais.
Segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), de 2021, apenas 5% dos estudantes atingiram níveis adequados de proficiência em matemática. No 5° ano, menos de 60% dos alunos demonstraram domínio básico em língua portuguesa.
Dentre muitas questões a serem discutidas, a gestão escolar eficiente pode nos trazer melhorias destes e outros indicadores tão importantes para o desenvolvimento social e econômico do país. Gestores bem preparados podem implementar práticas pedagógicas eficazes, estabelecer metas claras para o aprendizado e monitorar a evolução de seus estudantes. Além disso, diante das inegáveis desigualdades que existem dentro de uma sala de aula, a gestão profissionalizada é capaz de detectá-las e mitigar seus impactos, oferecendo suporte adequado a estudantes de diferentes contextos socioeconômicos.
A rede SESI de Educação, reconheceu esta necessidade em 2022, quando implementou o Programa SESI de Gestão Escolar (PSGE) que está transformando suas escolas e potencializando os resultados de aprendizagem de seus estudantes. O objetivo do programa é elevar a qualidade do ensino nas escolas SESI de todo o Brasil, através de uma gestão escolar estruturada e liderança pedagógica consistente. Atualmente, no Paraná, a Escola Sesi de Referência Internacional de Londrina é a única escola a conquistar o selo de qualidade e que certifica o trabalho de excelência desempenhado por todos, via PSGE.
O programa está apoiado em cinco áreas: liderança e planejamento pedagógico, gestão administrativa e financeira, desenvolvimento profissional, relacionamento com estudantes, pais e comunidade, gestão de resultados. Eixos estes que são essenciais para qualquer unidade escolar.
O Kaizen e o Ciclo PDCA como filosofia de trabalho para melhores resultados de aprendizagem
Ferramentas de gestão oriundas do setor industrial têm ganhado espaço no campo educacional por sua capacidade de organizar processos, promover a melhoria contínua e orientar decisões com base em dados. Entre essas ferramentas, o Kaizen — filosofia japonesa que significa “melhoria contínua” — e o Ciclo PDCA (Planejar, Executar, Verificar e Agir) têm se mostrado eficazes ao serem aplicados à gestão escolar.
Esses conceitos estruturam uma abordagem sistemática para a resolução de problemas e aprimoramento constante de práticas pedagógicas e administrativas. Ao inserir a lógica do PDCA no cotidiano das escolas, é possível fomentar uma cultura de análise crítica, escuta ativa e tomada de decisão orientada por evidências. Já o Kaizen contribui ao incentivar pequenas mudanças contínuas que, ao longo do tempo, produzem transformações significativas nos ambientes de aprendizagem.
Essa filosofia de trabalho não se limita à atuação da equipe gestora. Ao contrário, ela estimula o engajamento de toda a comunidade escolar — docentes, estudantes, famílias e demais profissionais — como agentes ativos na identificação de desafios e na construção de soluções. Nesse sentido, a gestão deixa de ser apenas um processo administrativo e passa a ser compreendida como um exercício coletivo de liderança para o aprendizado.
A adoção dessas ferramentas no contexto educacional brasileiro, especialmente em redes que buscam fortalecer a gestão como alicerce da qualidade do ensino, evidencia o potencial de práticas inspiradas em outras áreas do conhecimento quando adaptadas com intencionalidade pedagógica, como é o caso da Rede Sesi com o PSGE.
O objetivo é profissionalizar a gestão escolar e garantir que cada decisão tomada dentro da escola contribua efetivamente para o direito de aprender de todos os estudantes. Não se trata apenas de administrar, mas de liderar com propósito, estratégia e foco em resultados concretos.
Artigo escrito por Elizandra Maria Lauro Estefanuto, Gerente de Educação Básica Região Norte e João Paulo Alves Silva, Coordenador de Educação da Escola Sesi de Referência Internacional de Londrina.



