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Bomba-relógio

China vai manter política do "filho único"

Xangai - A China, país mais populoso do mundo, com cerca de 1,3 bilhão de habitantes, vai manter sua rígida política de permitir apenas um filho por casal, apesar dos pedidos para relaxar a legislação. Segundo especialistas, essa medida de controle populacional já evitou o nascimento de quase 500 milhões de bebês desde sua introdução, em 1979.

Entretanto, com o envelhecimento da população, a política do filho único está se tornando uma "bomba-relógio" demográfica, gerando enormes problemas econômicos e sociais para o país, além de exacerbar um desequilíbrio no porcentual por gênero. Os críticos acusam a política do "filho único" de criar um desequilíbrio entre os sexos – abortos e assassinatos de bebês do sexo feminino não são raros no país. Essa medida também coloca uma enorme pressão sobre os filhos, que terão de sustentar os pais e avós depois de crescer. (AE)

A população mundial chega hoje a 7 bilhões de pessoas, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), em meio a necessidades urgentes de redistribuição da riqueza para o combate a crescentes desigualdades. Cada país celebrará à própria moda esse novo recorde de explosão demográfica: alguns vão até eleger um bebê como símbolo e outros vão organizar competições esportivas e festividades.

Em Zâmbia, na África, será realizado um concurso musical, e no Vietnã, um show intitulado 7 Billion: Counting nn Each Other (7 bilhões de pessoas apoiando-se mutuamente). Na Rússia, as autoridades vão entregar presentes a alguns recém-nascidos. No entanto, para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o dia que marca a existência de 7 bilhões de seres humanos não é motivo de alegria.

Os recém-nascidos chegam a um mundo contraditório, com muita comida para uns e com a falta de alimentos para 1 bilhão de pessoas que vão dormir com fome todas as noites. "Muitas pessoas gozam de luxuosos estilos de vida e muitos outros vivem na pobreza", disse Ban em entrevista à revista americana Time. O recorde demográfico deveria ser visto como "um chamado à ação", insistiu. A nova cifra demográfica representa un incremento de 1 bilhão de pessoas em relação ao número anunciado à meia-noite de 12 de outubro de 1999, quando a ONU nomeou um recém-nascido bósnio, Adnan Mevic, como o terráqueo de número 6 bilhões.

O então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, foi fotografado num hospital de Sarajevo, segurando Mevic em seus braços. A família da criança vive, hoje, mergulhada na pobreza, o que explica, em parte, o fato de neste ano não haver foto simbólica com o chefe da ONU para imortalizar o novo recorde demográfico. "Não se trata de números. Trata-se de pessoas", disse Ban numa escola de Nova York semana passada. "Serão sete bilhões de pessoas que vão precisar de alimentos em quantidade suficiente, assim como de energia, além de boas oportunidades na vida de emprego e educação; direitos e a própria liberdade de criar seus próprios filhos em paz e segurança", acrescentou.

Dirigindo-se aos estudantes, o chefe das Nações Unidas acrescentou: "Tudo o que quiserem para vocês mesmos deverá ser multiplicado por 7 bilhões". Ban levará esta mensagem ao G20, que reunirá as economias desenvolvidas e as emergentes mais importantes, na próxima semana no sul da França.

Índia

Segundo estimativas da ONU, cerca de dois bebês nascem a cada segundo: a cifra de 7 bilhões continuará aumentando na próxima década, até chegar a 10 bilhões em 2100. Dez países, sozinhos, serão responsáveis por mais da metade disso. Oito são africanos. O caso mais extremo é o de Zâmbia, onde a expectativa de vida hoje é de apenas 49 anos – a média mundial é de 69. As Nações Unidas preveem que a Índia se converta no país mais povoado do mundo em 2025, quando seus habitantes somarem 1,5 bilhão, superando a China.

Enquanto isso, um relatório do Fundo de População da ONU (UNFPA) destaca que o mundo enfrentará crescentes obstáculos para criar empregos para as novas gerações, especialmente nos países pobres, e que a mudança climática e a explosão demográfica vão agravar as crises de fome e de seca. Ao mesmo tempo, o envelhecimento da população se tornará um problema para o Japão e os países europeus, com suas repercussões afetando as políticas de migração, saúde e emprego, adverte o documento.

O temor de que as condições de vida piorarão por causa do aumento populacional aflige parte da humanidade ao menos desde que o reverendo Thomas Malthus, em 1798, colocou em dúvida a capacidade do planeta de prover subsistência para todos. Até o momento, as previsões de Malthus e de outros pessimistas que ecoaram suas ideias não se confirmaram.

Consumo

Nos últimos 60 anos, apesar de termos vivido uma verdadeira explosão populacional – de 2,5 para 7 bilhões –, a expectativa de vida aumentou em mais de 20 anos. No entanto, no debate atual sobre a capacidade do planeta de prover recursos naturais para sustentar uma população crescente, há uma nova variável ainda sem resposta: o aquecimento global. Se, para alguns, são os países pobres que ameaçam sobrecarregar o planeta por causa de suas altas taxas de fecundidade, para outros, a principal responsabilidade é dos países ricos e seus atuais padrões de consumo.

No Maláui, por exemplo, a taxa de fecundidade supera a média de seis filhos por mulher. Nos EUA, está próxima de dois. No entanto, um único americano impacta no aquecimento global o equivalente, segundo a ONG Global Footprint Network, a 11 habitantes do Maláui. Esse impacto hu­­mano será ainda maior no planeta se os 3 bilhões a mais de habitantes até 2100 tiverem padrões de consumo semelhantes aos de nações ricas hoje.

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