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Parentes das vítimas  do submarino ARA San Juan: corpos podem nunca serem resgatados. | Alfonsina Tain/AFP
Parentes das vítimas do submarino ARA San Juan: corpos podem nunca serem resgatados.| Foto: Alfonsina Tain/AFP

Depois de mais de um ano, o submarino ARA San Juan, que desapareceu com 44 tripulantes a bordo nas águas do Oceano Atlântico, foi encontrado. O anúncio foi feito neste sábado (17) pela Marinha da Argentina.

A embarcação foi detectada a 800 metros de profundidade na Península Valdés, na Patagônia argentina. Apesar da boa notícia, o drama dos familiares das vítimas ainda pode continuar: o submarino sofreu uma implosão e “não há meios” para retirar os destroços do fundo do mar, segundo informações preliminares do ministro da Defesa argentino, Oscar Aguad.

Relembre a tragédia e veja tudo o que se sabe até o momento. Ainda há dúvidas, porém, sobre as causas e como será o resgate.

Sete fatos sobre o submarino encontrado:

1. O que era o submarino ARA San Juan?

Um modelo do submarino ARA San Juan ALEJANDRO PAGNI/AFP

O submarino ARA San Juan é uma embarcação militar usada pela Marinha argentina. Ele estava em um exercício de vigilância na zona econômica exclusiva marítima argentina a cerca de 400 quilômetros a leste de Puerto Madryn, na Patagônia (sul do país). Ele se dirigia de volta à sua base em Mar del Plata, ao norte, quando as comunicações foram interrompidas.

A embarcação era de fabricação alemã e um dos três submarinos que a Marinha argentina tinha em uso. Sua construção terminou em 1985 e, em 2013, passou por uma longa revisão para ter mais 30 anos de vida útil.

2. Quem estava a bordo?

Ao todo, a embarcação tinha 44 tripulantes antes de desaparecer, entre homens e mulheres. Os comandantes eram Jorge Ignacio Bergallo e Pedro Martín Fernández. A tripulação estava preparada para uma viagem de dez dias e tinha mantimentos para 15 dias.

3. Quando o submarino desapareceu?

O submarino desapareceu em 15 de novembro de 2017 quando realizava o percurso entre Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e sua base em Mar del Plata. No último contato com a base, a cerca de 400 quilômetros da costa do país, a tripulação relatou avarias causadas por uma entrada de água pelo sistema de ventilação, que “provocou um curto-circuito e um princípio de incêndio” nas baterias. Horas depois, uma explosão foi registrada pela Marinha. A previsão era que a embarcação chegasse ao seu destino final em 19 de novembro de 2017.

4. Como foram as buscas?

Um ano e um dia de buscas até o submarino ser encontradoSTR/AFP

Com o submarino deixando de se comunicar com a base, a Marinha argentina confirmou o desaparecimento e as buscas começaram. As Forças Armadas argentinas empregaram todo tipo de embarcações e aviões na missão de resgate, de barcos científicos e corvetas a aviões de guerra, além de ter aceitado ajuda nas buscas, inclusive, de navios pesqueiros.

As buscas pelo submarino foram concentradas em uma área a 430 quilômetros da costa de Comodoro Rivadavia, na Patagônia argentina, nas proximidades do local onde uma explosão havia sido identificada por diversas agências internacionais à época do desaparecimento do submarino.

O que aconteceu, porém, foi que a embarcação praticamente parou de emitir sinais, o que dificultou o resgate. E, como o tempo foi passando sem encontro nenhum vestígio do submarino, as chances de resgatar sobreviventes minguaram, já que a tripulação continha tanques de oxigênio para somente sete dias.

5. Quem ajudou nas buscas?

Dezenas de países auxiliaram nas buscas, como Brasil, EUA, Chile e Rússia, além de barcos pesqueiros da região. A Marinha brasileira enviou três embarcações: o navio de socorro submarino Filinto Perry, a fragata Rademaker e o navio polar Maximiano.

Os EUA enviaram o avião explorador da NASA P-3, que estava estacionado na cidade do sul de Ushuaia e se preparava para partir para a Antártida.O Reino Unido disponibilizou um avião Hércules que opera nas ilhas Malvinas (Falklands, para os britânicos).

Em setembro deste ano (2018) o governo argentino contratou a companhia americana Ocean Infinity, especializada em encontrar destroços marítmos — a empresa também participou, sem sucesso, das buscas pelo avião Malaysia Airlines, desaparecido em 2014. A Ocean Infinity foi a responsável por encontrar o ARA San Juan, na última sexta-feira (16), e irá receber US$ 7,5 milhões (cerca de R$ 28 milhões) por isso.

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6. Por que demorou tanto para encontrar o submarino?

Além de praticamente não emitir mais sinais, o submarino é um equipamento, em sua essência, difícil de ser rastreado, por isso a demora para encontrá-lo. Na época do desaparecimento, o capitão de Mar e Guerra da Marinha brasileira José Américo Alexandre Dia explicou: “o submarino é um equipamento projetado para ficar oculto e por isso a dificuldade de rastreamento.” Além disso, a hipótese do submarino ter explodido tornava esta comunicação ainda mais difícil.

7. Como o submarino foi encontrado?

Exatamente um ano e um dia após o seu desaparecimento, o ARA San Juan foi encontrado. Em buscas realizadas na última quinta-feira (15), um mini-submarino da companhia americana Ocean Infinity, contratada para ajudar nas buscas, registrou um objeto de 60 metros de largura , sobre um fundo marrom, a 800 metros de profundidade, na Península Valdés, na Patagônia argentina. Na tarde de sexta-feira (16), a embarcação concentrou as buscas neste local, uma região de cânions submarinos, e confirmou que as pedras tratavam-se, na verdade, do casco do submarino.

O trabalho de buscas foi coordenado de um navio que 115 metros de comprimento, que servia como base para a equipe. O mapeamento do ambiente foi realizado por mini-submarinos autônomos (AUV). Estes veículos, que podem operar até uma profundidade de 6 mil metros na água, rastreiam o ambiente e enviam informações para um veículo de superfície, também não tripulado, equipado com sistema de telemetria capaz de ler os dados enviados pelos AUV.

Neste sábado (17), a Marinha da Argentina confirmou que tratava-se do submarino ARA San Juan. A Ocean Infinity receberá US$ 7,5 milhões pelo achado.

Confira (em inglês) como a Ocean Infinity opera as buscas com seus mini-submarinos autônomos:

E duas dúvidas que ainda persistem:

Parentes das vítimas do submarino ARA San Juan ALFONSINA TAIN/AFP

1. Qual foi a causa do acidente?

Neste sábado (17), a Marinha argentina também confirmou que o submarino sofreu uma implosão. As causas do acidente ainda são incertas.

“Estamos todos destruídos aqui. Agora temos que saber o que aconteceu, com certeza houve falhas. A Justiça tem que investigar. Se houver culpados, que sejam punidos. Imagine, são 44 jovens que, quando entraram no submarino, estavam vivos”, disse Yolanda Mendiola, mãe de um dos tripulantes mortos no acidente, Leandro Cisneros, à agência AFP.

Ainda durante os resgates, o presidente Mauricio Macri designou a juíza federal Marta Yáñez para investigar o acidente. Indícios de imprudência por parte da Marinha foram identificados. O comando teria permitido que o submarino seguisse em missão apesar do relato de avarias mecânicas na embarcação.

2. Como será o resgate e que investigações serão feitas?

Ainda é incerto se será possível retirar o submarino do local onde ele foi encontrado. Segundo informações preliminares do ministro da Defesa argentino, Oscar Aguad, “não há meios” para resgatar a embarcação. Como o submarino está preso em uma região de cânions – são como montanhas , similares aos cânions que existem na superfície, porém submersos – o trabalho deve ser muito difícil e, talvez, impossível.

A juíza federal Marta Yáñez, responsável pelas investigações, não deve solicitar que o submarino seja retirado do local. As investigações devem seguir com base nas imagens fotográficas e filmagens que serão feitas do ARA San Juan, agora que foi localizado. A juíza não quer arriscar a segurança de ninguém no trabalho de resgate.

Em pronunciamento à nação neste sábado (17), o presidente argentino Mauricio Macri decretou luto de três dias e garantiu uma investigação para conhecer “a verdade” sobre o que aconteceu com o ARA San Juan.

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