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Pessoas andando em Buenos Aires, Argentina, em março de 2022.
Pessoas andando em Buenos Aires, Argentina, em março de 2022.| Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni

Se você acha que a inflação está ruim nos Estados Unidos, tente morar na Argentina. A taxa de inflação anual do país agora excede 70% – a maior em 30 anos. A inflação mensal (de pouco menos de 8%) é comparável à inflação anual dos EUA, com os preços subindo tanto que o banco central do país elevou as taxas de juros para 69,5%.

A única certeza econômica para os argentinos é que montes e mais montes de notas são necessários para comprar até os itens domésticos básicos. O mesmo corte de carne pode custar duas vezes mais hoje do que custava ontem – e três vezes mais amanhã. Um voo doméstico de duas horas agora custa o mesmo que um mês de mensalidade da faculdade. Um par de tênis custa o mesmo que o pagamento mínimo mensal do seguro social, enquanto um novo iPhone pode custar meio ano de aluguel. Há quatro anos, bonequinhos de futebol de jogadores como Lionel Messi (meu favorito) custavam 15 pesos argentinos (R$ 0,50). Hoje, custam 150 pesos (R$5,43) – um aumento de 900%.

Em suma, a Argentina está começando a se parecer com a Venezuela – e nenhum país quer se parecer com ela.

Como as coisas ficaram tão ruins? A resposta é bem simples: um governo que adora imprimir dinheiro. Durante décadas, a intervenção do governo na economia argentina aumentou a tal ponto que o Estado basicamente dita a esmagadora maioria da atividade do setor privado, direta ou indiretamente. A intromissão do setor público é notória, eliminando o empreendedorismo, a inovação e a criação de empregos que mantêm os mercados livres e saudáveis. Embora a população da Argentina ultrapasse 45 milhões de pessoas, apenas cerca de seis milhões de argentinos estão empregados no setor privado, enquanto 55% dos trabalhadores registrados no país são empregados pelo governo.

E os gastos públicos são gigantescos. No ano passado, a dívida da Argentina cresceu em média quase US$ 3 bilhões (R$ 15,5 bilhões na conversão atual) – metade de 1% do PIB total do país, por mês. A economia argentina – impulsionada pelos dólares americanos, devido à desvalorização do peso – está queimando bilhões de dólares em reservas estrangeiras todas as semanas.

Enquanto isso, a Argentina ainda deve US$ 40 bilhões (mais de R$ 207 bilhões) ao Fundo Monetário Internacional desde 2018, e o governo fez, recentemente, outro empréstimo de US$ 44 bilhões (mais de R$ 227 bilhões) do FMI para pagar as dívidas, aumentando o risco de um futuro calote.

A história do meu país é de excessos e de irresponsabilidade fiscal. É uma história de empreendedores sem incentivo e substituídos por burocratas do governo que gastam de forma imprudente os fundos dos contribuintes – apenas para aumentar os impostos sobre as empresas privadas quando esses fundos secam. Tem sido assim há décadas, e estamos longe do fim.

Os americanos, vivendo agora a própria economia inflacionária, devem ficar alertas. A Argentina pode estar em uma posição pior do que os Estados Unidos, mas certamente é um conto de advertência a ser ouvido pelos formuladores de políticas dos EUA, que pretendem aumentar o governo e sufocar a liberdade individual.

Se seguir o mesmo caminho, antes de se dar conta, a economia de mercado vai secar - e você terá nas mãos apenas um bonequinho inútil do Lionel Messi.

*ANTONELLA MARTY é diretora de Relações Públicas na Atlas Network.

©2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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