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Iêmen se encontra em uma guerra civil há mais de três anos. Conflito conta com intervenções diretas da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos e, indiretamente, do Irã | Glen Carey/Bloomberg
Iêmen se encontra em uma guerra civil há mais de três anos. Conflito conta com intervenções diretas da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos e, indiretamente, do Irã| Foto: Glen Carey/Bloomberg

A pior crise humanitária no mundo pode ficar ainda pior. No Iêmen, onde 8 milhões de pessoas enfrentam a fome e a pior epidemia de cólera da história ganha mais força, o principal porto do país tornou-se alvo de uma nova ofensiva na guerra civil, que já dura três anos. 

Forças iemenitas apoiadas pelos Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita estão tentando isolar e capturar Hodeida, uma cidade de 700 mil habitantes, porta de entrada de 70% da ajuda humanitária que chega de navio, e contribui para manter milhões de pessoas vivas. 

Os sauditas e seus aliados intervieram no Iêmen há três anos com o objetivo de combater os rebeldes houthis, que tinham capturado a capital, Sanaa. O conflito tornou-se uma guerra aparente com o Irã, que supostamente apoia os rebeldes com mísseis. Estes já foram lançados em direção a cidades sauditas. 

Conflito militar

A campanha militar  tornou-se um atoleiro para os sauditas e seus aliados, que já mataram milhares em bombardeios, mas falharam em recuperar boa parte do território. O sistema de saúde e o fornecimento de alimentos entraram em colapso, fazendo com que milhões de pessoas passassem a depender de ajuda internacional. 

Os sauditas e muitos de seus defensores em Washington argumentam que se o porto de Hodeida for capturado dos houthis, os carregamentos de ajuda humanitária poderiam aumentar, enquanto o contrabando de misseis iranianos seria suspenso

Grupos de ajuda humanitária veem essa situação de outra forma. A ofensiva pode encontrar muita resistência, e, se for bem sucedida, pode demorar semanas ou meses, Qualquer interrupção contínua no desembarque de cargas em Hodeida pode ampliar ainda mais o problenada  fome e tornar praticamente impossível o combate à epidemia de cólera, que já infectou mais de 1 milhão de pessoas. 

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A escalada militar praticamente não tem sentido porque coincide com o aumento nas perspectivas na obtenção de um acordo. Martin Griffith, enviado das Nações Unidas, deve encaminhar, no próximo mês, um plano de conversações de paz ao Conselho de Segurança. Representantes da ONU foram estimulados pela possibilidade dos líderes houthis em negociar. Eles ofereceram um plano detalhado, província por província, para terminar com o conflito, incluindo com o lançamento de misseis. 

O problema está com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que rejeitam essa possibilidade. Os Emirados Árabes Unidos estão mais interessados em consolidar seu controle sobre os portos do Iêmen do que em terminar a guerra. 

Apoio americano

É aí que os Estados Unidos deveriam entrar. Tanto a administração Obama, quanto a Trump, deram apoio limitado à coalizão saudita, enquanto tentavam restringir os bombardeios e a expansão da crise humanitária. Quando os sauditas impuseram um forte bloqueio a Hodeida no ano passado, o presidente Donald Trump emitiu uma declaração solicitando que Riad permitisse que “comida, combustível, água e remédios chegassem à população do Iêmen, que necessitava desesperadamente desses itens.” O bloqueio foi suspenso. 

Agora, como parte de uma movimentação contra o Irã, o governo americano está pedindo mais apoio à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes, apesar da ferrenha resistência no Congresso. O objetivo é o de vender mais de US$ 2 bilhões em munições aos aliados. Em vez disso, deveria insistir em que os sauditas levassem a sério as negociações de paz e que as tropas dos Emirados contivessem seu avanço sobre Hodeida.

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