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Entenda a crise entre Fatah e Hamas

Fatah e Hamas são, hoje, as duas grandes forças políticas nos territórios palestinos. Apesar de ambos terem surgido como movimentos guerrilheiros e agora estarem organizados como partidos políticos dentro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), são muito diferentes entre si. O Fatah foi fundado no fim da década de 1950 por palestinos que se refugiaram em países do Golfo Pérsico, depois da independência de Israel em 1948. O movimento, que durante a maior parte de sua história foi chefiado por Yasser Arafat, é nacionalista e laico e abandonou os ataques terroristas contra Israel na década de 1990. Já o Hamas foi criado apenas durante a primeira intifada, em 1987, como a seção palestina da Irmandade Muçulmana. Mais do que nacionalista, o grupo segue preceitos extremistas religiosos. O grupo não aceita a existência de Israel. Grupos armados de Fatah e Hamas entraram em choque nos últimos meses numa tentativa de assumir o controle da Faixa de Gaza.

HAMAS

Brigadas Izz al-Din al-Qassam: Braço armado oficial do Hamas. Estima-se que sejam 15 mil guerrilheiros bem armados. O grupo costuma realizar ações terroristas com suicidas contra Israel.

Força Executiva: Foi criada pelo Hamas ano passado, depois de o grupo ter sido eleito para o governo da ANP, como uma forma de o primeiro-ministro Ismail Haniyeh driblar a falta de controle sobre as forças de segurança (que são chefiadas pelo presidente da ANP, Mahmoud Abbas, do Fatah). Tem cerca de seis mil homens, quase todos ex-integrantes de milícias do Hamas, como as Brigadas Qassam.

FATAH

Guarda Presidencial: É a força mais bem equipada e treinada nos territórios palestinos. Criada para defender o presidente da ANP, tem cerca de cinco mil integrantes e recebeu dos Estados Unidos US$ 43 milhões para ser reestruturada.

Forças de Segurança Nacional: Milícias ligadas diretamente ao presidente da ANP. Incluem setores de inteligência militar, polícia naval e a milícia de elite Força 17. Tem quase 30 mil homens.

Polícia: Oficialmente, está sob a autoridade do Ministério do Interior, que é controlado pelo Hamas. Mas é dominada por pessoas leais ao Fatah. Tem cerca de 30 mil homens.

Brigada dos Mártires de al-Aqsa: Facção que se desligou do Fatah, é uma das mais ativas nos territórios ocupados. Tem milhares de integrantes, muitos deles membros de serviços de segurança oficiais.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, decidiu tornar ilegal o movimento islâmico Hamas neste domingo (17). O Hamas, em resposta, anunciou que considera ilegítimo o governo de emergência declarado por Abbas, que tomou posse neste domingo.

Fontes da presidência disseram que Abbas ilegalizou tanto o Hamas como sua milícia, as Brigadas de Ezzedin al-Qassam, enquanto se espera nas próximas horas um comunicado oficial a respeito.

Abbas disse neste domingo, em Ramallah, que tanto o Hamas como seu braço armado são considerados "ilegais, devido a suas atividades militares contra a legitimidade palestina e suas instituições".

"Todo aquele que estiver envolvido em algum desses grupos será castigado segundo a lei e a ordem que deriva do estado de emergência", acrescentou.

Um porta-voz do Hamas afirmou que o novo governo de emergência palestino que tomou posse neste domingo é "ilegítimo".

"Esse governo é ilegítimo. A única legitimidade que pode presumir é o reconhecimento do governo americano e da ocupação israelense", declarou Sami Abú Zuhri à agência France Presse.

Governo de emergência

O governo de emergência proposto por Abbas tomou posse neste domingo. O presidente palestino afirmou que o novo governo é para "Cisjordânia e Gaza", e que não haverá dois Executivos palestinos.

"O presidente disse 'este é o único governo nacional palestino, não há outro governo em Gaza'", afirmou Saeb Erekat, chefe de negociação da ANP, em declarações à imprensa.

Segundo Erekat, Abbas disse que a comunidade internacional reconheceu o novo governo e mostrou apoio.

O novo governo de emergência substitui o de união nacional entre os movimentos nacionalista Fatah, o islâmico Hamas e outros partidos menores, que assumiu suas funções em março e que Abbas dissolveu na quinta-feira, após os islamitas tomarem o controle da Faixa de Gaza.

Ismail Haniyeh, do Hamas, disse no fim de semana que não aceitava a decisão, e que o governo de unidade continuaria funcionando.

No entanto, segundo Erekat, "Abbas comunicou a todos os ministros do governo que transfere a eles todos os poderes", e que "são eles que deverão se comunicar com a comunidade internacional".

A maior parte dos doze ministros que integram o novo governo, que tomaram posse neste domingo em cerimônia na sede da Presidência da ANP, em Ramallah, são "tecnocratas e independentes", disse Nabil Amre, assessor de Abbas.

O governo de emergência é liderado por Salam Fayyad, de 55 anos, um economista independente, com reputação internacional devido a seu trabalho no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ao aceitar o cargo, Fayyad se dirigiu aos palestinos de Gaza e disse: "estão em nossos corações e nunca os deixaremos sozinhos".

Fayyad prometeu também que o novo governo "fará tudo o que puder para garantir as necessidades básicas" da população de Gaza.

O primeiro-ministro do governo de emergência, Salam Fayyad, anunciou ainda o bloqueio das contas bancárias do Executivo anterior liderado por Ismail Haniyeh, do Hamas, acrescentaram as fontes.

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