
Assunção A oposição paraguaia deveria revisar seu acordo político e modificar a coalizão de partidos que com o ex-bispo católico Fernando Lugo como candidato tentará em abril próximo acabar com 60 anos ininterruptos do Partido Colorado no poder do país.
Essa é a proposta do ex-general Lino César Oviedo, absolvido na noite da terça-feira do delito de tentar derrubar em 1996 o então presidente do Paraguai Juan Carlos Wasmosy. Oviedo deu início aos trâmites para lançar sua candidatura à presidência do Paraguai nas eleições de abril de 2008, informou a equipe de defesa do ex-comandante do Exército. Seis dos nove integrantes da Suprema Corte de Justiça votaram pela absolvição de Oviedo.
"Aceitamos o pedido de Oviedo para a condenação de dez anos ser revista porque acreditamos que nenhum cidadão pode ser julgado duas vezes pela mesma acusação. Nesse caso, Oviedo foi processado pela justiça militar e pela justiça civil," explicou nesta quarta-feira a presidente da Corte, Alicia Pucheta. Segundo ela, a revisão do caso começou em dezembro passado e terminou na noite da terça-feira.
Oviedo, líder do Partido Unión Nacional de Ciudadanos Éticos (Punace), fundado em 2001 na cidade brasileira de Foz do Iguaçu, quando o ex-general estava exilado no país vizinho, recomendou ontem que a oposição revise o seu acordo, "para enfrentarmos unidos o oficialismo."
"Em 5 de fevereiro deste ano, uns dez partidos assinaram um pacto para eleger o candidato a presidente, primeiro por voto direto dos partidários, depois por uma votação popular," lembrou. Não obstante, Oviedo agregou que em junho deste ano um grupo de partidos rompeu o pacto, nomeando Lugo como candidato, através de um acordo de cúpula.
"Sugiro que nos submetamos a uma consulta popular, em meados de janeiro, para determinar quem tem maior aceitação do povo," assinalou Oviedo.
Rapidamente, o senador Carlos Mateo Balmelli, pré-candidato a vice-presidente para acompanhar Lugo na coalizão Aliança Patriótica para a Mudança, rechaçou a proposta: "Qualquer mudança já é impossível a essa altura dos acontecimentos."
"Lugo está firme como candidato à chefia do governo," acrescentou. Balmelli sugeriu a Oviedo que se junte ao projeto de Lugo, "que tem total apoio popular."
Numa breve entrevista coletiva após a decisão da Justiça, Oviedo declarou que não sente ódio nem rancor por ninguém e afirmou que "a justiça chega, às vezes um pouco tarde, mas acaba chegando".
Em 5 de setembro, Oviedo ganhou direito a viver em regime de liberdade condicional depois de ter cumprido mais da metade da sentença à qual fora condenado.



