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FDA
Técnico da FDA (Administração de Alimentos e Drogas dos EUA) congela amostras de evidência forense, 2009.| Foto: FDA/Michael J. Ermarth

Uma investigação do Congresso americano concluiu que a Administração de Alimentos e Drogas (FDA), agência sanitária do país, colaborou de forma "imprópria" com a multinacional Biogen Inc. antes de aprovar seu medicamento para tratar Alzheimer, o Aduhelm (aducanumabe), em 2021.

Uma investigação de 18 meses de um comitê de parlamentares do Partido Democrata obteve documentos internos da empresa. Eles revelaram que a empresa já estava preparada para reclamações de pacientes e compradores, mas estabelecera o preço da droga em US$56 mil (R$296 mil) para maximizar seus lucros.

Além disso, a agência e a farmacêutica teriam realizado um número "atípico" de reuniões, ligações e e-mails, ao menos 115 em um ano. Antes da aprovação da droga, as duas trabalharam juntas em um documento de forma tão íntima que um parágrafo inteiro do pedido de aprovação da Biogen foi redigido por funcionários da FDA.

"Espero que essas descobertas sirvam como alerta para a FDA reformar as suas práticas e um chamado à ação para meus colegas congressistas continuarem a fiscalizar a indústria farmacêutica para assegurar que não coloquem o lucro acima dos pacientes", disse a representante democrata Carolyn Maloney, eleita pelo estado de Nova York e presidente do comitê. A expectativa era que a droga custaria ao governo US$ 12 bilhões por ano (R$ 63 bilhões na cotação atual).

"A Biogen afirma a integridade das ações que tomamos", disse um porta-voz ao Wall Street Journal. A FDA declarou que é sua função "interagir frequentemente com as empresas" para ter informações adequadas, mas "já começou a implementar mudanças consistentes com as recomendações do Comitê".

A droga é um anticorpo monoclonal, uma molécula produzida pelo sistema imunológico, e tem como alvo a proteína beta-amiloide, cujo acúmulo no cérebro é apontado por alguns cientistas como a causa do Alzheimer. A hipótese, no entanto, é questionada por outros cientistas, especialmente depois da descoberta de fraudes na pesquisa.

Cerca de 6,5 milhões de pessoas sofrem com a doença de Alzheimer nos Estados Unidos. A FDA está considerando a aprovação de ao menos duas outras drogas com ação similar: lecanemabe (da Biogen em parceria com a farmacêutica japonesa Eisai) e donanemabe (Eli Lilly).

Aaron Kesselheim, um médico de Harvard que votou contra a aprovação do Aduhelm na condição de conselheiro da FDA, deixou o cargo em protesto após ela ser aprovada. O caso é similar ao de Marion Gruber, ex-chefe do gabinete de pesquisa e revisão de vacinas da agência, com 32 anos de casa; e seu subordinado, Phil Krause, que abdicaram de suas posições também em 2021 porque o governo Biden atropelou a decisão do conselho ao recomendar doses de reforço contra Covid-19 para toda a população.

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