• Carregando...

Cinco acidentes envolvendo companhias aéreas comerciais nas semanas mais recentes fizeram com que agosto fosse considerado o mês mais mortal para tragédias aéreas em mais de três anos. Embora não haja qualquer ligação entre as cinco quedas - no Canadá, na Grécia, na Venezuela, no Peru e na Itália-, eles parecem enfatizar a lacuna existente entre as práticas de segurança de países ricos como os Estados Unidos e as dos demais.

Esses acidentes, que juntos provocaram a morte de mais de 300 pessoas, não significam que voar ficou mais perigoso, afirmaram especialistas em aviação. Na América do Norte, o registro de acidentes aéreos "é o melhor já registrado", disse Anthony Broderick, consultor e ex-autoridade da Administração Federal de Aviação.

A aviação comercial nos Estados Unidos tem vivenciado o maior período de segurança desde o dia 12 de novembro de 2001, quando a queda do vôo 587 da American Airlines provocou a morte de 265 pessoas, cinco delas em terra.

O preço do seguro para companhias aéreas nos Estados Unidos rapidamente dobrou após 11 de setembro de 2001 e desde então caiu cerca de 10% e 15% por ano, informou Gavin Souter, editor-executivo do jornal "Business Insurance", de Chicago. Os acidentes recentes, contou ele, não "causaram impacto".

Investigações sobre os acidentes devem continuar por vários meses. Mesmo assim, parece que algumas companhias aéreas ainda estão cortando gastos com manutenção de equipamentos ou treinamentos - o tipo de economia que, quando as coisas dão errado, tem um potencial desastroso.

Investigadores dos acidentes na Venezuela e na costa italiana da Sicília estão avaliando os sistemas de abastecimento. Nos dois casos, os aviões perderam o controle dos dois motores, uma ocorrência extremamente incomum, exceto quando o combustível está diluído, estragado ou escasso.

A falta de equipamento para alertar sobre mudança de vento também é um foco de investigação no caso dos acidentes no Canadá e, talvez, no Peru. Foram feitas sugestões, na quarta-feira, de que a aeronave da companhia peruana, que caiu durante um vôo de Lima para Pucallpa, pode ter sofrido tal problema. O vôo 204 da TANS Peru caiu durante um pouso de emergência quando ocorria uma chuva de granizo torrencial, provocando a morte de 31 pessoas. Cerca de 57 conseguiram escapar dos destroços do avião, um Boeing 737-200. Um porta-voz da empresa apontou mudança de vento como possível fator para o acidente.

Broderick disse que os acidentes recentes ilustram, pelo menos parcialmente, como os recursos e o interesse político de cada país, pode ser traduzido em segurança, ou em sua falta. "Pessoas, equipamentos e procedimentos - medidas de qualidade - custam dinheiro", afirmou Broderick. "Mas você também tem que querer gastar com esses recursos".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]