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Guerra no leste europeu

Alegação de ataque contra casa de Putin sacode novas negociações de paz na Ucrânia

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O ditador da Rússia, Vladimir Putin. (Foto: VLADIMIR SMIRNOV/SPUTNIK/KREMLIN/EFE/EPA)

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As negociações entre Estados Unidos, Rússia e Ucrânia para encerrar a guerra no leste europeu entraram em uma nova fase neste fim de semana, impulsionadas pela mediação direta do presidente americano, Donald Trump. No entanto, o processo já enfrenta seu primeiro revés: uma denúncia feita nesta segunda-feira (29) pelo Kremlin sobre um suposto ataque ucraniano contra uma das residências oficiais do ditador Vladimir Putin.

A alegação, que foi transmitida a Trump pela Rússia durante uma ligação telefônica realizada nesta manhã, lançou novas dúvidas sobre a continuidade do diálogo de paz, apesar dos avanços iniciais anunciados após o encontro entre o presidente americano e Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, ocorrido neste domingo (28).

A reunião entre Trump e Zelensky, que foi realizada na residência do líder americano na Flórida, durou mais de três horas e resultou na criação de grupos de trabalho para negociar o plano de paz apresentado na semana passada, composto por 20 pontos. Segundo Trump e Zelensky, cerca de 95% do texto do plano está acordado, restando apenas negociar impasses considerados “espinhosos” pelas três partes, como o futuro da região do Donbass - parcialmente ocupada por tropas russas - e o controle da região de Zaporizhzhya.

O texto do plano de 20 pontos, apresentado por Kiev em conjunto com Washington, reafirma a soberania ucraniana e propõe um acordo de não agressão completo e inquestionável entre Moscou e Kiev, acompanhado de um sistema de monitoramento internacional para evitar violações futuras. O documento inclui garantias de segurança robustas para a Ucrânia, com aportes dos Estados Unidos, da União Europeia e de países signatários, em uma forma inspirada no Artigo 5º da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) - segundo a proposta ucraniana, estas garantias devem cobrir situações de futura agressão russa e só ser ativadas se houver iniciativa não provocada de Kiev.

Como resultado imediato da reunião com Zelensky, Trump anunciou a criação de dois grupos de trabalho para discutir os próximos passos das negociações - um voltado à segurança e outro às questões econômicas - que irão reunir representantes de Kiev, Washington e, segundo o Kremlin, também de Moscou. O grupo americano será formado pelo secretário de Estado Marco Rubio, o genro do presidente, Jared Kushner, o enviado especial Steve Witkoff e o general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA. Zelensky afirmou que os grupos devem apresentar resultados já em janeiro.

Contudo, a denúncia feita pelo Kremlin sobre o suposto ataque ucraniano contra a residência de Putin reacendeu a tensão diplomática. O regime russo já está utilizando o episódio para afirmar que pode rever ou até retroceder em pontos já alcançados na mais recente rodada de negociações. Essa não seria a primeira vez que o Kremlin recuaria ou endureceria sua posição após avanços diplomáticos. Ao longo das conversas de paz, Moscou tem adotado uma postura oscilante, sempre alternando momentos de sinalização de diálogo com ameaças de seguir endurecendo os ataques para tomar por meio da força os territórios ucranianos.

Zelensky já reagiu com firmeza e acusou o Kremlin de tentar, mais uma vez, sabotar o avanço dos diálogos de paz. Em mensagem publicada no Telegram, o presidente ucraniano afirmou que “os russos criaram uma história obviamente falsa sobre um ataque à residência de um ditador russo, apenas para interromper os avanços diplomáticos alcançados com os Estados Unidos”.

O governo de Kiev nega qualquer envolvimento no suposto ataque, que teria sido realizado com drones, e acusa Moscou de fabricar pretextos com o objetivo de reverter compromissos assumidos nas negociações e endurecer sua posição nas próximas etapas do processo de paz.

Trump comentou o suposto ataque nesta segunda e declarou ter ficado “muito irritado” ao ser informado do episódio pelo próprio Putin durante a ligação telefônica realizada nesta manhã.

“Soube disso hoje pelo presidente Putin e fiquei muito irritado”, afirmou o republicano. “Não é o momento certo para esse tipo de coisa”, disse Trump, ponderando, no entanto, que a acusação russa pode ser falsa. “É possível que seja falso, mas o presidente Putin me disse isso hoje de manhã”, acrescentou.

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