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Presidente dos EUA, Donald Trump, e a chanceler alemã Agenla Merkel, na Casa Branca, em abril de 2018 | Andrew HarrerBloomberg
Presidente dos EUA, Donald Trump, e a chanceler alemã Agenla Merkel, na Casa Branca, em abril de 2018| Foto: Andrew HarrerBloomberg

A poucas horas da cúpula dos 29 líderes da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mostrou que não está disposto a pegar leve com seus aliados. Em reunião bilateral com o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, o republicano disse que a Alemanha “é prisioneira” de Moscou porque obtém grande parte de sua energia da Rússia. 

"Temos que falar sobre os bilhões e bilhões de dólares que estão sendo pagos ao país do qual supostamente estamos lhes protegendo", declarou Trump, referindo-se às compras de gás natural russo por países europeus. 

O presidente norte-americano também reclamou que as nações da Otan estavam aproveitando a generosidade militar dos EUA ao mesmo tempo em que ofereciam condições comerciais injustas às empresas americanas

Um alvo favorito de sua ira tem sido a Alemanha, que não cumpriu seus compromissos de gastos com a OTAN e está iniciando a construção de um segundo gasoduto russo, que irá concentrar 80% das vendas de gás russas à UE e cuja aprovação foi dada um dia depois de a chanceler alemã Angela Merkel ter expulsado quatro diplomatas russos em resposta ao envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal.

O relacionamento energético da Alemanha com a Rússia há muito tempo frustra Washington e a Europa Oriental, que temem que o gasoduto da Nordstream, que passa pelos países bálticos e a Polônia, possa ser usado para impedi-los de fornecer energia crucial. O ex-chanceler alemão Gerhard Schroeder é um dos principais executivos da empresa controlada pelo governo russo que administra o gasoduto Nordstream. 

O líder dos EUA viajou para a Europa dizendo que a cúpula com o presidente russo Vladimir Putin, marcada para a próxima segunda-feira, será a mais fácil das reuniões que terá nos próximos dias - uma afirmação incomum que derrubou a crença de que a Otan deveria projetar uma frente forte e unida contra um rival estratégico. 

Trump preferiu mirar nos aliados. Mesmo Stoltenberg - ex-primeiro-ministro norueguês que cultivou uma relação positiva com Trump - pareceu reduzido a resmungar quando Trump o interrompeu depois que ele começou a explicar que os aliados negociavam com a Rússia mesmo durante a Guerra Fria. Mais cedo, Trump havia delegado a Stoltenberg a culpa pelo aumento nos orçamentos de defesa da OTAN. 

"Também foi por causa de sua liderança", disse Stoltenberg a Trump. Os aumentos orçamentários começaram após a anexação da península da Crimeia na Ucrânia em 2014, e se aceleraram na era Trump em resposta às políticas do presidente dos EUA. 

Merkel responde

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, defendeu a independência de seu país, após o comentário de Trump.

Sem mencioná-lo especificamente, ela disse a repórteres nesta quarta-feira que vivenciou uma parte da Alemanha controlada pela União Soviética e "estou muito feliz hoje que estamos unidos em liberdade como República Federal da Alemanha e pode assim dizer que podemos determinar a nossa própria política e tomar nossas próprias decisões e isso é muito bom", enfatizou Merkel.  

Segundo a secretária de Imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, Trump irá se reunir com Merkel, às margens da reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e deverá reafirmar suas preocupações sobre o acordo da Alemanha com a Rússia.

Reunião da Otan 

Trump está em Bruxelas para dois dias de reuniões da OTAN. Depois disso, ele viajará para a Inglaterra para se encontrar com a primeira-ministra britânica, Theresa May. Passará o fim de semana em um dos seus clubes de golfe particulares na Escócia e depois viajará para Helsinque para uma reunião de alto nível com Putin. 

Os membros da OTAN concordaram com uma longa lista de esforços que acreditam que fortalecerão a aliança contra a Rússia e outros rivais, facilitando a aceleração das forças militares em toda a Europa e endurecendo suas iniciativas de contraterrorismo.Mas muitos diplomatas temem que a ira de Trump em relação aos gastos com a defesa ofusque a cúpula. Alguns até temem que ele possa não assinar o acordo que já foi aprovado pelo conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton, repetindo o que fez no mês passado na cúpula do Grupo dos Sete no Canadá. 

Isso colocaria a aliança em colapso, deixando uma dúvida quanto à disposição do membro mais poderoso da OTAN em defender seus aliados se alguém for atacado. 

Os líderes da OTAN também temem as concessões que Trump poderia fazer a Putin. O republicano levantou a possibilidade de retirar tropas dos EUA da Alemanha. Na cúpula do G-7, ele disse aos líderes que acreditava que a Crimeia pertencia à Rússia, porque a maioria de seus habitantes fala russo como primeiro idioma - outra posição que derrubaria grande parte das decisões de segurança do Ocidente contra a Rússia desde 2014. 

Depois de se encontrar com Trump, Stoltenberg tentou minimizar as diferenças, dizendo aos repórteres que o resultado é que a OTAN está se fortalecendo. 

"Espero discussões abertas e francas, e há desacordo sobre diferentes questões", disse ele ao chegar à nova sede da Otan para a cúpula. "Mas apesar disso, espero que concordemos com o fundamento de que somos mais fortes juntos do que separados".

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