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Venezuela

Em entrevista a jornal inglês, Amorim diz que Brasil não vai pressionar para que Maduro renuncie

Assessor da Presidência para Assuntos Internacionais disse que Venezuela deve se tornar algo “semelhante ao Vietnã” se EUA invadirem (Foto: André Coelho/EFE)

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O ex-chanceler Celso Amorim, atualmente assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, disse em entrevista ao jornal inglês The Guardian que o Brasil não vai “pressionar” o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, a deixar o poder.

A pressão sobre o líder chavista aumentou nas últimas semanas, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Washington deve iniciar uma ação militar por terra na Venezuela contra o narcotráfico, após uma operação em águas internacionais no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico que já deixou mais de 80 mortos.

A agência Reuters afirmou que, em uma ligação com Trump em novembro, Maduro recebeu um prazo de uma semana para deixar a Venezuela, mas não atendeu ao ultimato.

Na entrevista, publicada nesta segunda-feira (8), Amorim disse que o recente anúncio de Trump de que o espaço aéreo venezuelano deve ser considerado “completamente fechado” é equivalente a “um ato de guerra”.

“A última coisa que queremos é que a América do Sul se torne uma zona de guerra – e uma zona de guerra que inevitavelmente não seria apenas uma guerra entre os EUA e a Venezuela. Acabaria tendo envolvimento global e isso seria realmente lamentável”, disse Amorim.

“Se houvesse uma invasão, uma invasão de verdade […], acho que sem dúvida veríamos algo semelhante ao Vietnã – em que escala é impossível dizer”, acrescentou o assessor, que acredita que outros países poderiam se juntar à Venezuela para repelir uma ação americana.

“Conheço a América do Sul […], todo o nosso continente existe graças à resistência contra invasores estrangeiros”, disse Amorim.

O ex-chanceler afirmou que “se cada eleição questionável desencadeasse uma invasão, o mundo estaria em chamas”, em referência à eleição presidencial que Maduro fraudou no ano passado para continuar no poder.

“Se Maduro chegar à conclusão de que deixar o poder é o melhor para ele e para a Venezuela, será uma conclusão dele [...] O Brasil jamais imporá isso; jamais dirá que isso é uma exigência [...] Não vamos pressionar Maduro para que renuncie ou abdique”, disse Amorim ao Guardian.

O assessor disse que preferia não especular se o Brasil poderia ser uma opção para asilo político ao ditador chavista, “para não parecer estar incentivando”, mas alegou que “o asilo é uma instituição latino-americana [para] pessoas tanto de direita quanto de esquerda”.

Nesse momento da entrevista, segundo o Guardian, Amorim lembrou que o primeiro governo Lula recebeu o ex-presidente equatoriano Lúcio Gutiérrez, após este ser deposto em 2005. “Até enviamos um avião para buscá-lo”, disse o assessor, que era chanceler do Brasil à época.

O Guardian também citou o exemplo do ditador paraguaio Alfredo Stroessner, que se exilou no Brasil quando foi deposto, em 1989.

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