Brasília - O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) revelou ontem que Manuel Zelaya, o presidente deposto de Honduras, pediu a ele há aproximadamente três meses o empréstimo de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para levá-lo de volta a Tegucigalpa.
O pedido foi negado pelo chanceler que, ontem, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, negou mais uma vez que o governo brasileiro tenha recebido qualquer indicação do retorno de Zelaya a Honduras há dez dias.
À comissão, Amorim contou que o pedido de empréstimo apresentado por Zelaya foi feito logo depois de o Brasil ter cedido um avião da FAB para levar a Honduras o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, o que ocorreu no início de julho.
"Ele talvez se entusiasmou. Ah, emprestaram para ele, então vão emprestar para mim, disse Amorim, acrescentando: "O pedido foi feito a mim e eu neguei. A FAB não foi nem consultada.
Amorim citou o pedido de empréstimo da aeronave justamente para negar que o Brasil tenha buscado qualquer protagonismo no retorno de fato de Zelaya ao país, na semana passada. "Sou um diplomata com 50 anos de experiência. Se preferem acreditar na palavra de um golpista..., disse.
Durante a audiência pública, Amorim sinalizou mais de uma vez que, apesar da surpresa, o Brasil vê na volta do presidente deposto um sinal positivo.
"A utilidade da presença de Zelaya em Honduras é reconhecida por toda a comunidade internacional. A presença dele é vista como um elemento propiciador do diálogo, que não estava tendo até então. Disse ainda que, se o Brasil não o tivesse aceito, Zelaya poderia estar "preso, talvez morto, ou numa serra, planejando uma revolução.
Cobrado por senadores, sobretudo da oposição, sobre o uso político que Zelaya tem feito da embaixada, Amorim foi taxativo: "Não houve nenhum ato de violência por parte dos seguidores de Zelaya.



