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A Anistia Internacional divulgou nesta terça-feira seu relatório anual sobre direitos humanos, acusando os Estados Unidos e a Grã-Bretanha de terem dois pesos e duas medidas na luta contra o terror e listando países como Colômbia e Coréia do Norte nas violações cometidas ao longo do ano passado.

A autoridade moral dos Estados Unidos sofre com o caso dos vôos clandestinos de prisioneiros mundo afora, com a cumplicidade de alguns países europeus e com técnicas de interrogatório aplicadas em países que, diferentemente dos Estados Unidos, não banem a tortura no nível doméstico. A secretária-geral da Anistia, Irene Khan, disse que o padrão duplo virou a marca da guerra ao terror.

- Existe prova de tortura espalhada em centros de detenção dos Estados Unidos - disse ela, em entrevista coletiva. - Os Estados Unidos terceirizam a tortura em países como Marrocos, Jordânia e Síria.

Ela disse que pelo menos sete países europeus autorizaram - ou preferiram ignorar - o uso de seus respectivos espaços aéreos para os chamados vôos de rendição da Agência Central de Inteligência (CIA), os quais carregaram prisioneiros para interrogatório fora dos Estados Unidos.

- Governos poderosos estão tomando parte num perigoso jogo contra os direitos humanos - disse ela. - O placar de conflitos prolongados e crescentes abusos dos direitos humanos está aí, para todo mundo ver. Nada pode justificar tortura ou maus tratos. Não se pode apagar fogo com gasolina.

Apesar dos protestos internacionais, a prisão na Baía de Guantánamo, em Cuba, está cheia de prisioneiros que não receberam acusação nem foram julgados.

Ao mesmo tempo, forças poderosas paralisaram as Nações Unidas quando poderiam ter agido decisivamente em regiões como Darfur, no Sudão.

- Como resultado, o mundo tem pago um preço alto em termos de erosão dos princípios fundamentais e nos danos enormes às vidas de pessoas comuns - disse a secretária.

O relatório nota a crescente violência sectária no Iraque, bem como matanças e repressão na Colômbia, na Chechênia, no Afeganistão, no Irã, no Uzbequistão e na Coréia do Norte, estando os governos se sentindo impunes, por causa do padrão de dois pesos e duas medidas que observam internacionalmente.

- Não há dúvida de que a guerra ao terror deu uma nova vida à repressão à moda antiga - disse Irene. - Estes governos, hoje, fazem com mais confiança o que faziam silenciosamente no passado.

Também China e Rússia são acusadas de flutuação no padrão de direitos humanos, para cumprirem suas respectivas agendas.

Entre os desenvolvimentos positivos, a Anistia nota a prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet e a do ex-presidente peruano Alberto Fujimori e a campanha contra a pobreza.

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