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Nos países europeus, visão positiva de Obama vai de 70% a 90%. | Mandel Ngan/AFP
Nos países europeus, visão positiva de Obama vai de 70% a 90%.| Foto: Mandel Ngan/AFP

Barack Obama sai da Casa Branca no auge da popularidade e é reconhecido no exterior. Mas a imensa maioria dos americanos vê o país indo na direção errada, e o Partido Democrata encolheu como nunca: perdeu um em cada três governadores, um em cada quatro deputados e um em cada seis senadores. Como?

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A boa aprovação externa é fácil de ser entendida: se deve à comparação com o governo anterior e à postura de diálogo dos EUA. Segundo o Pew Research Center, nos países europeus, a visão positiva de Obama vai de 70% a 90%, enquanto George W. Bush saiu patinando, na casa dos 20%.

“Obama foi a antítese de Bush, ao ponto de receber um prêmio Nobel da Paz com poucos meses no poder”, disse Juan Carlos Hidalgo, analista do Centro Global de Liberdade e Prosperidade (Cato). “E cometeu muitos dos abusos de Bush (intervenções militares, uso de drones, espionagem) sem que a opinião estrangeira julgasse os dois da mesma forma”, acrescenta.

Nos EUA, o último levantamento da CBS mostra que 56% das pessoas têm visão positiva de Obama, embora 63% vejam o país na direção errada. O Partido Democrata passou de 31 para 19 governadores, de 58 para 48 senadores e de 257 para 194 deputados entre a eleição de Obama e a vitória de Trump.

“O presidente terá que assumir alguma responsabilidade pela impressionante perda do partido”, afirmou Peter Schechter, diretor do Centro de Estudos Atlantic Council. “É difícil de explicar a diferença de avaliação. Obama gerou empregos, mas a automação, o comércio, a imigração e as mudanças sociais deixaram as pessoas frustradas”, completa.

Jennifer Lawless, professora da American University, de Washington, acredita que os americanos sabem quantas vezes o presidente foi bloqueado pelo Congresso de maioria republicana, o que explicaria a boa imagem pessoal contrastando com a avaliação da situação do país. A redução do Partido Democrata, para ela, tem a ver com a radicalização política:

“A polarização aumentou. Regiões democratas votam cada vez mais nos democratas, o mesmo ocorrendo no outro campo, o que não dá margens para um político de um partido vencer no território do outro”, disse ela, lembrando que os democratas se concentram em menos estados.

Eric Farnsworth, vice-presidente do Centro de Estudos Sociedade Americana/Conselho das Américas (AS/COA) vê reações a mudanças rápidas com Obama.

“A agenda social se moveu muito para a esquerda, muito rapidamente, para um grande número de pessoas. E a desigualdade tem crescido. Assim, a confiança no sistema é vacilante e muitos procuram alguém para culpar por sua circunstância”.

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