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O empresário Elon Musk, que lidera o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) da gestão do presidente americano, Donald Trump, ajudou a eleger o republicano no ano passado, ao doar mais de US$ 250 milhões para sua campanha.
Agora, o bilionário americano de origem sul-africana está se concentrando em outra disputa eleitoral, que vai definir o ocupante de uma cadeira na Suprema Corte do estado do Wisconsin.
A corte tem sete juízes, eleitos por voto popular para um mandato de dez anos. Na eleição da próxima terça-feira (1º), os juízes Susan Crawford e Brad Schimel disputam uma cadeira, e essa corrida determinará se a Suprema Corte do Wisconsin terá maioria progressista ou conservadora.
Os democratas apoiam Crawford e os republicanos, Schimel – é aí que Musk entra na disputa.
Segundo informações da agência Reuters, dois comitês de ação política ligados a Musk já doaram US$ 17,5 milhões para a campanha de Schimel e o empresário também doou US$ 2 milhões para a seção estadual do Partido Republicano, que transferiu US$ 1,2 milhão para a campanha do juiz conservador.
Musk, que tem criticado juízes que suspenderam medidas do governo Trump, afirma que a vitória de Schimel será decisiva para que a agenda do presidente republicano possa ser implementada.
Numa entrevista com Schimel no X, rede social da qual é dono, Musk disse que, caso a Suprema Corte do Wisconsin tenha maioria progressista, a distribuição dos distritos eleitorais no Estado pode ser alterada para beneficiar os democratas – hoje, das oito cadeiras do Wisconsin na Câmara dos Estados Unidos, seis são ocupadas por republicanos.
“Nesse caso, não seremos capazes de implementar mudanças que o povo americano quer”, disse Musk na conversa. Eleições para a Câmara dos Estados Unidos serão realizadas em 2026 e hoje os republicanos têm uma vantagem de apenas cinco cadeiras na casa.
O comitê de ação política de Musk ofereceu US$ 100 aos eleitores do Wisconsin que assinarem uma petição se opondo a “juízes ativistas” e o empresário depois anunciou a entrega de prêmios de US$ 1 milhão para dois divulgadores do abaixo-assinado, que ocorrerá em um ato de apoio a Schimel no Wisconsin neste domingo (30).
Uma pessoa que assinou a petição já foi premiada na quinta-feira passada (27).
Segundo a Associated Press, o porta-voz de Crawford, Derrick Honeyman, disse em um comunicado que esse comportamento de Musk “é corrupto, é extremo e é vergonhoso para o nosso Estado e nosso Judiciário”.
Além de questões políticas, Musk também tem interesses corporativos em jogo na eleição de terça-feira.
Em janeiro, sua montadora de carros elétricos, a Tesla, entrou com uma ação na Justiça do Wisconsin pedindo isenção de uma lei estadual que permite que apenas terceiros, não fabricantes de automóveis, abram concessionárias no Estado. Essa briga na Justiça pode chegar à Suprema Corte estadual.
Para reforçar o clima de plebiscito sobre o governo Trump, o próprio presidente e o ex-mandatário democrata Barack Obama (2009-2017) manifestaram apoio a lados opostos na eleição.
No X, Obama escreveu que Crawford é a “única candidata pronta para proteger os direitos e liberdades fundamentais dos moradores do Wisconsin”.
Por sua vez, Trump declarou apoio a Schimel na rede Truth Social e disse que o juiz conservador “está concorrendo contra a progressista de esquerda radical Susan Crawford, que repetidamente deu sentenças ‘leves’ a molestadores de crianças, estupradores, agressores de mulheres e agressores domésticos”.







