
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comentou pela primeira vez sobre o futuro do país sem ele no comando, no discurso em que anunciou a sua terceira cirurgia para combater um câncer. A declaração aumentou os rumores sobre sua saúde e a sucessão presidencial no país.
Após 14 anos no poder e dois meses depois de ter recebido um novo mandato de seis anos em eleições, Chávez afirmou que o ex-chanceler e atual vice-presidente, Nicolás Maduro, será sua escolha para sucedê-lo caso ele falte.
"Ele é um completo revolucionário, um homem de grande experiência, apesar da juventude, com uma grande dedicação e capacidade para trabalhar. Em um cenário em que sejamos obrigados a fazer uma nova eleição presidencial, vocês devem escolher Nicolás Maduro".
A afirmação, feita em tom emocionado por Chávez, alimenta os rumores sobre a piora de seu estado de saúde. O temor é que, após a cirurgia, o presidente morra ou fique impossibilitado de dirigir o país, o que faria com que Maduro completasse este mandato, que dura até 10 de janeiro.
Se essas possibilidades acontecerem após o início do novo mandato de Chávez, o vice-presidente assumiria o país e o governaria até a realização de novas eleições, nos 30 dias subsequentes.
Maduro, 50, é um ex-motorista de ônibus e líder sindicalista venezuelano, que se aproximou de Chávez no início do governo.
Vazio político
A nomeação de Maduro procura fazer com que o projeto de Chávez evite o vazio político. Durante os 14 anos em que ficou no poder, o presidente não deu sinais de quem poderia ser seu sucessor.
No entanto, a nomeação acontece em um momento em que a oposição está mais forte e pode faltar tempo para que Maduro consiga a influência da figura carismática de Chávez.
Os adversários do presidente saíram mais fortalecidos da última eleição, após o ex-governador de Miranda, Henrique Capriles, conseguir 44% dos votos. Com Chávez fora do cenário político, os contrários ao projeto bolivariano poderiam ter mais chances de vencer.
Rumores
Os rumores sobre a piora na saúde de Chávez surgem após três semanas em que o presidente não aparecia em eventos públicos. No dia 27, ele viajou a Cuba para sessões de oxigenação hiperbárica como tratamento contra o câncer.
O presidente afirmou que as novas células cancerosas foram detectadas em novos exames, realizados na semana passada antes que ele voltasse ao país.
O regresso a Caracas foi a contragosto dos médicos, que queriam fazer a cirurgia imediatamente, mas Chávez argumentou que precisava fazer um novo pedido aos parlamentares para sair do país. "Decidi fazer um esforço adicional, na verdade, porque a dor não é significante".



