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Em protesto, hondurenhos fazem barricadas com pneus nos arredores do Palácio Presidencial em Tegucigalpa | Orlando Sierra/AFP
Em protesto, hondurenhos fazem barricadas com pneus nos arredores do Palácio Presidencial em Tegucigalpa| Foto: Orlando Sierra/AFP

A crise no país

Entenda como ocorreu o episódio que culminou na saída do presidente Manuel Zelaya:

Referendo

Em março, Zelaya decretou a realização de uma pesquisa de opinião nacional, na forma de um referendo não vinculante, na qual a população dirá se é favorável ou não à sua proposta de redigir uma nova Constituição.

Se a resposta for sim, um referendo sobre o tema ocorreria simultaneamente às eleições gerais de novembro.

Justiça

A Suprema Corte, o Ministério Público e o Congresso consideraram a consulta, que seria feita pelo instituto de pesquisas oficial ontem, ilegal.

Crise militar

Com a recusa dos militares em ajudar na consulta, Zelaya demitiu o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Romeo Vásquez. A Suprema Corte reverteu a decisão, mas o presidente disse que não a acataria.

Golpe

Horas antes de iniciar a votação em Honduras, militares prenderam Zelaya e o enviaram para a Costa Rica. A Corte Suprema diz que ordenou prisão de presidente.

O Congresso escolheu seu presidente, Roberto Micheletti, como presidente interino.

Democratização

Honduras teve eleições livres em 1981, após sequências de regimes militares que governavam o país desde 1965.

Reação Regional

A comunidade internacional condenou o golpe. Os EUA pediram respeito à democracia, mas evitaram usar a palavra golpe.

Fonte: Folhapress e Cia World Factbook.

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O Congresso de Honduras nomeou seu líder, Roberto Micheletti, para o cargo de presidente, em substituição a Manuel Zelaya, deposto pelos militares e forçado ao exílio na Costa Rica. A resolução, lida no plenário do Congresso, acusa Zelaya de "manifestar conduta irregular" e "colocar em perigo o Estado de direito", uma referência à sua recusa de obedecer à decisão da Suprema Corte contra a realização do referendo constitucional.

Em uma votação na qual os congressistas decidiram levantando as mãos, o Congresso aprovou ontem a saída de Zelaya e nomeou o presidente da Casa, Roberto Micheletti, como o novo chefe do Executivo, como manda a Constituição. Mais cedo, o Congresso já havia aprovado uma suposta carta de renúncia do presidente, que Zelaya afirma ser um documento falso.

Soldados invadiram o Palácio Nacional na manhã de ontem e levaram o presidente de Honduras para o exílio na Costa Rica, horas antes da realização de um referendo constitucional. Zelaya, um esquerdista aliado do presidente venezuelano Hugo Chávez, disse que foi vítima de um golpe militar.

A Suprema Corte do país disse que estava apoiando os militares no que chamou de defesa da democracia. O embaixador hondurenho na Organização dos Estados Americanos (OEA) disse que os militares estavam planejando empossar o presidente do Congresso, Roberto Micheletti, para substituir Zelaya.

O presidente de Honduras foi detido pouco antes do início do plebiscito que iria definir se a Constituição do país poderia ser modificada. A Suprema Corte decidiu que o referendo era ilegal. Membros do Congresso e integrantes do próprio partido de Zelaya eram contrários à realização da votação. Críticos disseram que Zelaya queria acabar com as limitações à sua reeleição.

Ainda não se sabe quem está comandando o governo. Tanques estão nas ruas e centenas de soldados com escudos cercam o Palácio Presidencial na capital Tegucigalpa. Ao chegar ao aeroporto da capital da Costa Rica, San José, Zelaya disse que a ação militar era ilegal. "Não há como justificar um interrupção da democracia, um golpe de Estado", disse ele pelo telefone para a rede de televisão venezuelana Telesur. "Este sequestro é uma extorsão do sistema democrático hondurenho."

Reações

Zelaya disse que não vai reconhecer nenhum outro governo do país e prometeu concluir seu mandato, que termina em janeiro. Ele disse que vai comparecer à reunião dos presidente de países da América Central na Nicarágua amanhã. Segundo ele, Chávez, que também vai participar do encontro, providenciará seu transporte.

Chávez, que, juntamente com Raúl e Fidel Castro em Cuba, é grande aliado de Zelaya, disse que a Venezuela "está em guerra" e colocou seu Exército em alerta.

O presidente Barack Obama disse que estava "muito preocupado" com a expulsão de Zelaya e a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton disse que a prisão do presidente hondurenho deveria ser condenada. "Eu peço que todos os atores políticos e sociais em Honduras respeitem as normas democráticas, a lei e os princípios da Carta Democrática Interamericana", disse Obama em comunicado.

Zelaya disse à Telesur que foi acordado por tiros e gritos de seus seguranças, que, segundo o presidente, resistiram às tropas por pelo menos 20 minutos. Ainda de pijama, pulou da cama e se escondeu atrás de um aparelho de ar-condicionado para não ser atingido pelas balas. Ele disse que oito ou nove soldados mascarados o levaram para um avião da Força Aérea que foi para a Costa Rica. Chávez disse que as tropas hondurenhas também detiveram temporariamente os embaixadores da Venezuela e de Cuba e que os diplomatas foram espancados.

Um aliado de Zelaya, o líder trabalhador Rafael Alegria, convocou protestos. "Nós exigimos o respeito pela vida do presidente", disse ele à rádio hondurenha Cadena de Noticias. "E vamos para as ruas para defender o que isso nos custou: viver em paz e tranquilidade".

Cerca de 100 partidários de Zelaya, muitos usando camisetas nas quais se lia "sim" ao plebiscito, bloquearam as principais ruas do lado de fora dos portões do palácio, atirando pedras e insultando os soldados e gritando "Traidores! Traidores!".

Honduras tem uma longa história de golpes militares. Soldados depuseram presidente eleitos em 1963 e 1972. Os militares não permitiram um governo civil até 1981, sob pressão norte-americana. Micheletti foi um dos principais opositores do presidente na disputa sobre o referendo. O chefe da Suprema Corte também se opôs ao plebiscito que perguntaria aos eleitores se eles queriam a convocação de uma assembleia para reescrever a Constituição.

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