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Negociação

Após impasse, acordo com o Irã é mais uma vez adiado

Esboço prevê que Teerã permita acesso ilimitado de inspetores da ONU a instalações nucleares do país; iranianos exigem fim de sanções

Representantes das potências e do Irã em Viena | LEONHARD FOEGER/REUTERS
Representantes das potências e do Irã em Viena (Foto: LEONHARD FOEGER/REUTERS)

A expectativa de que o acordo nuclear definitivo entre o Irã e as potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha) fosse acertado ontem foi frustrada diante do impasse que persistiu até meia-noite em Viena (19h de Brasília), na Áustria. O prazo para um consenso terminou, mas as negociações continuam hoje, no quarto prolongamento nos últimos 17 dias.

Ontem, os envolvidos no diálogo deram a impressão de que alcançariam um entendimento. O presidente do Irã, Hasan Rowhani, chegou a comemorar a assinatura do acordo em sua conta no Twitter. À tarde, Rowhani disse: “#IranDeal (#AcordoIrã) é uma vitória da diplomacia e do respeito mútuo sobre um paradigma obsoleto de exclusão e coerção. E este é um bom começo.” Seis minutos depois, a mensagem foi apagada. Uma nova postagem amenizou a original com uma condicionante. “Se (houver) #IranDeal, será uma vitória da diplomacia (...)”.

O Irã e as potências tinham fixado 30 de junho como primeiro prazo para a conclusão do acordo. Pelo plano de ação, Teerã se comprometeria a reduzir o enriquecimento de urânio até o padrão suficiente para a produção de energia elétrica e fecharia cinco de suas seis instalações nucleares por pelo menos dez anos. Além disso, permitiria inspeções internacionais.

Em troca, Teerã teria aliviadas as sanções impostas por Estados Unidos, União Europeia e ONU. Nos últimos dias, o embargo à compra de armas pelo Irã, imposto pela ONU, dificultou o entendimento. O Irã exige o fim de todos os embargos.

Outro ponto de discordância é o ritmo de suspensão das sanções. Os iranianos querem um compromisso imediato de seus interlocutores, mas as potências contemplam um levantamento gradual e a possibilidade de recuar em caso de violação do acordo. O ocidente também exige que os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenham direito a acesso ao país, ponto rejeitado por Teerã.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, confirmou que ainda há pontos de discordância. Segundo ele, o acordo nuclear provisório, em vigor desde novembro de 2013, poderá ser novamente estendido se as negociações continuarem.

Mesmo se anunciado, o acordo ainda terá um longo caminho pela frente. A resolução ainda deverá ser aprovada pelo Congresso americano, que poderá rejeitá-la e manter as sanções contra o Irã, ao mesmo tempo em que o Parlamento iraniano vai analisar e emitir um veredicto sobre o pacto.

Os dois principais aliados dos EUA na região, Israel e Arábia Saudita, são contrários ao acordo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou no domingo as potências de “cederem” ao Irã.

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