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| Foto: George Castellanos/AFP

A oposição venezuelana convocou uma greve geral e uma marcha até o Palácio presidencial de Miraflores, após as grandes manifestações desta quarta-feira (26) contra o governo do presidente Nicolás Maduro, que deixaram um policial morto e mais de 20 civis feridos. A chamada “Tomada da Venezuela” ocorreu no que deveria ser o primeiro de três dias para a coleta de quatro milhões de assinaturas (20% do colégio eleitoral), último passo antes da convocação para referendo. Agora, a oposição resolveu iniciar um procedimento para acusar Maduro de “abandono do cargo”.

Ao final da marcha de centenas de milhares de pessoas, que ativistas estimaram em 1,2 milhão de manifestantes, os principais dirigentes da oposição anunciaram sua “ofensiva” para conseguir destituir Maduro, diante da suspensão do referendo revogatório.

“No [dia] 3 de novembro (...) vamos notificar Nicolás Maduro que foi declarado pelo povo venezuelano em abandono do cargo. Vamos fazê-lo em manifestação pacífica que vai chegar ao palácio de Miraflores”, afirmou nesta quarta-feira, da tribuna, o presidente da Assembleia Nacional, de maioria opositora, Henry Ramos Allup.

A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) também convocou uma greve geral de 12 horas para a próxima sexta-feira (28).

O número dois do governo, o deputado Diosdado Cabello, respondeu afirmando que as forças armadas e os trabalhadores ocuparão as empresas que aderirem à greve geral.

“Conversei com o presidente, empresa que parar, será empresa tomada pelos trabalhadores e pelas forças armadas”. Não há mais volta, vamos ver como ficam as coisas (...). Aqui não vamos permitir tumulto e você decidirá, senhor empresário, se segue com estes loucos ou trabalha com o governo por esta pátria”.

Abandono do cargo

A Assembleia Nacional - dominada pela oposição - resolveu esta semana iniciar um procedimento para acusar Maduro de “abandono do cargo”, algo previsto na Constituição, quando o presidente deixa de exercer suas atribuições, e convocou o chefe de Estado a participar de uma sessão na próxima terça-feira (1°).

Mais cedo nesta quarta-feira, Maduro instalou o Conselho de Defesa da Nação para avaliar o “golpe parlamentar” no país. Em seguida, dirigiu-se a milhares de seus seguidores, que se concentraram nos arredores do Palácio de Miraflores para apoiá-lo.

“A Assembleia Nacional infelizmente tomou o caminho do desacato à Constituição”, disse Maduro aos manifestantes, criticando a ausência de Ramos Allup em uma reunião do Conselho de Defesa.

O líder opositor, Henrique Capriles, disse, durante a marcha, que o governo de Maduro roubou da sociedade o”direito de votar”. A promessa é mais uma grande manifestação daqui a uma semana, no dia 3 de novembro.

Protesto deixa um morto

Vestidos em sua maioria com camisas brancas e bonés com a bandeira da Venezuela, vários manifestantes saíram de sete pontos de Caracas e se encontraram na autoestrada Francisco Fajardo (Leste), tomada pela multidão. Os participantes carregavam cartazes escritos à mão. “Não vamos nos render. Revogatório já”.

Na região de Caracas, um policial morreu e outros dois agentes ficaram feridos quando tentavam liberar uma estrada bloqueada por manifestantes, informou o ministro do Interior e Justiça, general Néstor Reverol.

O incidente ocorreu quando os agentes desbloqueavam uma estrada entre Caracas e San Antonio de los Altos, cidade satélite da capital, e foram atacados por manifestantes.

Também foram registrados confrontos em cidades de alguns estados, como Táchira, Mérida e Sucre.

Segundo a ONG de defesa dos direitos humanos Foro Penal, mais de 80 pessoas foram detidas e 20 ficaram feridas durante os protestos desta quarta-feira.

Referendo suspenso

A chamada “Tomada da Venezuela” ocorre no que deveria ser o primeiro de três dias para a coleta de quatro milhões de assinaturas (20% do colégio eleitoral), último passo antes da convocação para referendo. Ao cumprir este requisito, a oposição queria evidenciar a rejeição majoritária ao governo de Maduro, ao qual seis em cada dez venezuelanos está disposto a revogar, segundo a empresa de pesquisas Datanálisis.

Mas o processo foi suspenso na semana passada por tribunais penais regionais, que acolheram denúncias de fraude apresentadas pelos governistas em uma primeira etapa da coleta de assinaturas.

Em dezembro de 2015, a oposição venceu amplamente nas eleições legislativas e pela primeira vez em 17 anos de chavismo conquistou a maioria parlamentar.

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