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Violência

Ataque a mesquita em aldeia árabe choca Israel

Ação em território israelense ocorre após quatro mesquitas terem sido vandalizadas na Cisjordânia neste ano

Moradores de aldeia beduína localizada em território de Israel observam livros queimados em incêndio de mesquita | Ancho Gosh/Reuters
Moradores de aldeia beduína localizada em território de Israel observam livros queimados em incêndio de mesquita (Foto: Ancho Gosh/Reuters)

Uma mesquita na aldeia árabe de Tuba-Zangaria, no norte de Israel, foi incendiada na madrugada de ontem. A suspeita é que extremistas judeus sejam os autores.

O vandalismo chocou Israel, que, pela primeira vez, vê em seu território uma ação nos moldes da operação de vingança praticada há meses por colonos judeus contra aldeias palestinas.

A surpresa foi maior porque a população de Tuba-Zangaria, uma pacata aldeia árabe beduína de 5 mil pessoas, é considerada integrada ao Estado de Israel – muitos servem no Exército.

A polícia fez algumas prisões, mas não quis revelar detalhes da investigação. O fogo destruiu livros sagrados e todo o interior da mesquita.

Ao ver o estrago pela manhã, residentes da aldeia enfurecidos entraram em confronto com a polícia quando marchavam em direção à cidade de Rosh Pina.

À noite, a calma voltou à pequena aldeia da Galileia. Inconformado, Fuad Zangariya, imã da mesquita, disse que a aldeia sempre manteve relações amigáveis com os vizinhos judeus.

Os autores do ataque picharam paredes em hebraico com palavras como "vingança" e "etiqueta de preço".

É assim que um grupo de colonos radicais batizou os atos de vingança na Cisjordânia, numa referência ao "preço" cobrado a cada concessão feita aos palestinos.

Quatro mesquitas foram vandalizadas na Cisjordânia neste ano, oliveiras de palestinos foram destruídas e houve até um ataque contra uma base militar israelense. Ninguém foi processado.

A estreia da operação "etiqueta de preço" em território israelense acabou com a indiferença do governo.

O premiê Binyamin Netanyahu se disse "chocado", afirmando num comunicado que "esse crime contraria os valores do Estado de Israel".

O motivo da vingança também foi grafitado na parede externa da mesquita: "Palmer", nome de um colono israelense que morreu há cerca de dez dias junto com o filho de 1 ano quando seu carro capotou na Cisjordânia.

O Exército afirmou que foi um atentado, depois de concluir que uma pedra havia sido jogada contra o veículo.

No esforço para evitar uma deterioração na delicada relação com a população árabe, o presidente Shimon Peres e o rabino-chefe de Israel, Yona Metzger, fizeram uma visita à mesquita incendiada. "É um dia difícil para toda a sociedade israelense, não só para o setor árabe", disse Peres, que classificou o ataque de "ilegal e imoral".

Falando a uma rádio de dentro da mesquita, Metzger afirmou que a cena lhe lembrava a "Noite dos Cristais", a onda de ataques a judeus durante a ascensão do nazismo na Alemanha.

Para Elik Ron, ex-comandante do Exército israelense na região norte e na Cisjordânia, o governo acordou tarde.

"Onde estava o premiê quando mesquitas foram atacadas na Cisjordânia?", questionou. "Se isso se repetir, incendiará toda a região."

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