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O ataque contra uma base aérea estratégica indiana perto da fronteira com o Paquistão por supostos islamitas terminou neste sábado (2) com um balanço de três oficiais de segurança mortos.

Esse atentado, que coloca em teste a frágil aproximação entre Nova Délhi e Islamabad, durou cerca de 14 horas e aconteceu contra uma estratégica base aérea no estado de Punyab. “A operação terminou e os quatro terroristas morreram”, declarou Kunwar Vijay Partap Singh, vice-inspetor-geral da região de Pathankot.

Os quatro homens, suspeitos de pertencer ao grupo islamita Jaish-e-Mohammed (Exército de Maomé), com base no Paquistão, infiltraram-se na base de Pathankot, no estado indiano de Punjab (norte), por volta das 03h30 (20 horas de sexta-feira no horário de Brasília), indicaram fontes da segurança.

Esta base tem uma importância estratégica, pois abriga dezenas de aviões de combate e está localizada a apenas 50 km da fronteira paquistanesa. O tiroteio continuou por várias horas após o início do ataque. “Queremos a paz, mas se os terroristas cometem ataques em solo indiano iremos responder de forma apropriada”, declarou à televisão o ministro do Interior, Rajnat Singh.

Este ataque ocorreu uma semana depois de uma visita surpresa do primeiro-ministro indiano, Nerendra Modi, ao Paquistão – a primeira de um chefe de governo indiano em dez anos – e ameaça prejudicar o início do processo de entendimento entre as duas potências nucleares. “Nossos homens foram atingidos por tiros durante as operações de busca, quando o tiroteio já havia cessado há várias horas”, declarou o chefe da polícia regional Kunwar Vijay Partap Singh.

Uma autoridade da segurança, que pediu anonimato, disse que “o ataque visava causar o maior dano possível aos equipamentos da base”. “Acreditamos que são terroristas da Jaish-e-Mohammed”, acrescentou a fonte.

Este grupo, banido no Paquistão, luta contra o controle indiano de parte da Caxemira, no Himalaia, onde um conflito separatista custou a vida de cerca de 100 mil pessoas.

O Paquistão condenou “este ato terrorista”. “No espírito de boa vontade criado pelas recentes conversações de alto nível, o Paquistão segue comprometido em ser parceiro da Índia (...) para eliminar a ameaça terrorista em nossa região”, declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

Três guerras pela Caxemira

A Índia responsabilizou o grupo por um ataque em dezembro de 2001 contra o Parlamento indiano, em que 11 pessoas morreram. O ataque provocou uma escalada militar na fronteira e levou os dois países à beira de uma guerra.

Em julho, três homens armados, vestindo uniformes do exército, abriram fogo em um ônibus e atacaram uma delegacia de polícia no distrito vizinho de Gurdaspur, também em Punjab. Sete pessoas, incluindo quatro policiais, morreram. A Índia culpou os combatentes do grupo Lashkar-e-Taiba (LeT, Exército dos Puros, com sede no Paquistão), pelo ataque.

Desde a independência da Grã-Bretanha em 1947, Índia e Paquistão já travaram três guerras pelo controle da Caxemira, um território do Himalaia que ambos ocupam em parte e que reivindicam em sua totalidade.

A Índia acusa regularmente o exército do Paquistão de fornecer cobertura aos rebeldes, que muitas vezes se infiltram através da fronteira e organizam ataques na Caxemira indiana contra a polícia local. O estado de Punjab, de maioria sikh, tinha escapado até então da violência.

Nova Deli suspendeu quaisquer conversações com o Paquistão após islamitas armados atacarem a cidade de Mumbai, em novembro de 2008, matando 166 pessoas. O inquérito determinou que a operação foi planejada no Paquistão.

Os dois países, que possuem a bomba atômica, relançaram o processo de paz em 2011, mas a tensão aumentou nos últimos dois anos. Desde o ano passado, os bombardeios de ambos os lados da fronteira na Caxemira deixaram dezenas de mortos.

A Índia e o Paquistão decidiram retomar um diálogo para resolver as questões pendentes com reuniões bilaterais de alto nível previstas para janeiro, em Islamabad.

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