
Dois carros-bomba explodiram ontem em Damasco perto de prédios do temido aparato de segurança do governo. Pelo menos 40 pessoas morreram e 55 ficaram feridas, a maioria civis, segundo a agência de notícias estatal da Síria, Sana.
Foi o primeiro atentado suicida no país desde o início da revolta contra o regime do ditador Bashar Assad, em março, e a ação mais violenta na capital desde então.
Pouco após as explosões, em meio a imagens de corpos dilacerados, a tevê estatal afirmou que "investigações preliminares" apontavam a rede terrorista Al-Qaeda como autora do ataque.
Ao contrário do vizinho Iraque, explosões como essas na Síria são raras, embora o grupo fundamentalista islâmico fosse um crítico do regime laico da Síria.
Para o governo, os ataques confirmam sua frequente acusação de que grupos armados e terroristas financiados por outros países estão por trás da insurgência contra Assad, e não pacíficos ativistas pró-democracia, como afirma a oposição.
"Dissemos desde o começo, isso é terrorismo", disse Faisal Mekdad, vice-ministro do Exterior. "Eles estão matando militares e civis."
Membros da missão de observadores da Liga Árabe, que havia chegado ao país na véspera como parte de um acordo assinado com Damasco para pôr fim à repressão do regime, foram levados ao local das explosões.
ONU
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, se declarou "seriamente preocupado com a escalada da violência na Síria", e destacou que é responsabilidade do presidente Bashar Assad implementar totalmente o plano de paz da Liga Árabe.
"As explosões em Damasco, que causaram mais mortos e feridos, incrementaram sua crescente preocupação. Ban enfatiza que toda violência é inaceitável e deve parar imediatamente", disse o porta-voz Martin Nesirky.
Assad enfrenta pressão dos EUA para deixar o poder. Na quarta-feira, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que o presidente "não merece governar a Síria" e advertiu sobre a adoção de novas sanções caso a repressão contra a oposição persista.
"Os atos repulsivos e deploráveis" cometidos contra a população civil na repressão da revolta contra o regime, violando "de maneira flagrante" o plano árabe para sair da crise, assinado por Assad, mostram que "ele não merece governar a Síria", afirmou o porta-voz.



