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Direitos humanos

Ativista chinês alega ameaça à sua família e deixa embaixada dos EUA

Chen Guangcheng, que fugiu da prisão, pede para deixar a China por temer por sua segurança e de seus familiares

Chen Guangcheng (na cadeira de rodas) chega a hospital de Pequim após deixar a embaixada dos Estados Unidos | Embaixada dos EUA em Pequim/Reuters
Chen Guangcheng (na cadeira de rodas) chega a hospital de Pequim após deixar a embaixada dos Estados Unidos (Foto: Embaixada dos EUA em Pequim/Reuters)

Alegando que o governo­­ chi­­nês ameaçou espancar­­ sua mulher "até a morte",­­ o dissidente cego Chen Guangcheng deixou ontem a embaixada norte-americana em Pequim após seis dias refugiado, e se internou num hospital da ci­­­­dade, onde reencontrou a­­­­ família.

As circunstâncias da saída dele são confusas, porém. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que visita Pequim, disse que os EUA ajudaram Chen em seus "entendimentos" com o governo chinês.

Mas em entrevista por telefone à Associated Press, do hospital, o dissidente afirmou que foi coagido a deixar a representação e quer se exilar no exterior por temer pela sua segurança.

Ele estaria recebendo aten­­ção médica por causa de fe­­rimentos da fuga, quando ca­­minhou por quase um dia.

Em entrevista à CNN, Chen disse ter pedido ao presidente Barack Obama para deixar o país "o quanto antes". O episódio pode resultar em um incidente diplomático entre as duas maiores economias do mundo.

O dissidente, que chegou­­ ao hospital Chaoyang acompanhado do embaixador norte-americano, Gary Locke, dis­­­­se que só saiu da represen­­tação diplomática porque os negociadores dos EUA repassaram uma ameaça do governo de que sua mulher seria mor­­ta caso não deixasse o­­ re­­fúgio.

Na versão dos EUA, um di­­­­­­plo­­mata disse ao ativista­­ que­­ sua mulher, Yuan Wei­­jing,­­­­ havia sido trazida a Pe­­quim, mas que o governo­­ a­­ devolveria à sua cidade­­ natal, na Província de Shan­­dong,­­ caso ele continuasse na embaixada.

Chen diz que o casal era rotineiramente espancado desde que ele foi detido pela primeira vez, em 2005. Ele irritou o governo ao defender mulheres forçadas a abortar devido à "política do filho único". A família ficou em prisão domiciliar por 19 meses, até a fuga espetacular do ativista, há 11 dias.

Segundo os EUA, Chen dei­­­­­­xou a embaixada após um acor­­do com a China que assegurava sua segurança e previa a investigação de maus-tra­­­­tos. Advogado autodidata, ele­­ iria estudar Direito numa uni­­versidade em Tianjin, dis­­tan­­te de sua provín­­cia na­­tal.

ReaçãoPequim acusa os EUA de induzirem a opinião pública ao erro

AFP

A China pediu ontem que os Estados Unidos parem de "induzir a opinião pública ao erro" em relação ao caso Chen Guangcheng. O apelo é uma resposta à declaração da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre o compromisso norte-americano com o ativista dos direitos civis.

"Os Estados Unidos não devem mascarar e jogar sobre os outros suas próprias responsabilidades nesse caso", declarou o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Liu Weimin, em resposta a um comunicado de Hillary.

O representante do governo chinês disse ainda que "os Estados Unidos deviam tirar lições desse caso, pensar em sua política e em seus métodos, tomar medidas para evitar a repetição desse tipo de incidente, assim como medidas concretas para proteger as relações sino-americanas em seu conjunto".

A reação chinesa veio a público algumas horas da abertura de um diálogo estratégico entre chineses e americanos. Esse diálogo, que será realizado hoje e amanhã, e do qual participará também o secretário norte-americano do Tesouro, Timothy Geithner, abarca diversos temas econômicos e diplomáticos.

Hillary Clinton havia declarado que "o governo dos Estados Unidos e o povo americano se comprometem a ficar ao lado de Chen e de sua família nos próximos dias, semanas e anos".

A China também ressaltou descontentamento com o refúgio concedido pela embaixada dos EUA a Chen.

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