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Dina Boluarte
Dina Boluarte, presidente do Peru, ao centro, com seu gabinete de novos ministros em 10 de dezembro de 2022.| Foto: EFE/ Paolo Aguilar

Mais uma pessoa morreu na quinta-feira (12) na cidade de Juliaca, no sul do Peru, onde ocorreram violentos confrontos entre manifestantes e forças de segurança na segunda-feira (9) elevando para 49 o número total de mortes durante os protestos antigovernamentais que estão ocorrendo no Peru.

O último relatório divulgado pela Ouvidoria Pública confirmou a morte de um civil de 16 anos em Juliaca, cidade da região de Puno, que, segundo diversos meios de comunicação, foi baleado na cabeça no dia 9, quando outros 17 manifestantes foram mortos nos confrontos.

Dessa forma, até o momento, 41 manifestantes morreram em confrontos diretos com as forças da ordem, além de um policial, enquanto outras sete pessoas perderam a vida "devido a acidentes de trânsito e eventos relacionados a bloqueios", segundo dados do órgão público.

A Ouvidoria também informou que 17 agentes da Polícia Nacional permanecem hospitalizados em Puno depois de terem sido feridos nos confrontos.

As autoridades de saúde transferiram hoje em um avião da Força Aérea de Puno para Lima quatro cidadãos feridos nos protestos em Juliaca.

A Ouvidoria recomendou hoje ao Ministério Público que as investigações sobre os protestos em Juliaca sejam realizadas "por procuradores especializados em direitos humanos e interculturalidade".

A imprensa local relata que Juliaca vive hoje um dia de “tensa calma”, com grupos de cidadãos se preparando para os funerais de várias das vítimas, enquanto piquetes também foram formados, embora não tenham sido registrados novos incidentes com as forças de segurança.

Os manifestantes exigem a renúncia da presidente Dina Boluarte, o fechamento do Congresso, a antecipação das eleições gerais para 2023 e a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Ministro do Trabalho renuncia

O ministro do Trabalho do Peru, Eduardo García Birimisa, apresentou nesta quinta-feira sua carta de renúncia à presidente Dina Boluarte, a quem pediu que se desculpe e reconheça os erros na resposta de seu governo aos protestos que já deixaram quase 50 mortos desde dezembro, 21 deles nos últimos quatro dias.

“Agradeço à presidente, Dina Boluarte, e ao primeiro-ministro, Alberto Otárola, por me darem a oportunidade de servir o meu país”, escreveu García Birimisa na sua conta no Twitter, onde compartilhou a carta que enviou à chefe de Estado.

Na carta, o agora ex-titular da pasta de Trabalho afirmou que a crise social e política no Peru “merece uma mudança de rostos nos rumos do país e uma antecipação de eleições que não podem esperar até abril de 2024”.

“Não fazer isso, penso eu, gera um desgaste que, pelo menos no meu caso, me impossibilita de pôr em prática a construção de um diálogo que considero que o país necessita”, lê-se no documento.

Nesse sentido, o ex-ministro, que tomou posse em dezembro do ano passado, defendeu a necessidade de "um ato político" e "um pronunciamento do governo que expresse a dor" pelas 49 vidas perdidas nos protestos, que exigem a renúncia de Boluarte, o fechamento do Congresso e novas eleições para este ano.

“É preciso pedir desculpas à população e reconhecer que foram cometidos erros que devem ser corrigidos para que isso não volte a acontecer”, reiterou.

García Birimisa acrescentou que a polarização que o país enfrenta “se reflete nas atitudes” do Congresso e por isso expressou a necessidade de “entrar em um processo de reflexão”.

“Precisamos saber discutir com um diálogo sério, no qual validemos a posição do outro e nos esforcemos para entender suas razões, só assim poderemos nos respeitar e nos identificar”, completou.

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