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O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, pediu uma investigação rigorosa e que eventuais responsáveis fossem punidos com a pena de morte
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, pediu uma investigação rigorosa e que eventuais responsáveis fossem punidos com a pena de morte| Foto: EFE/EPA/IRANIAN SUPREME LEADER OFFICE

Autoridades do Irã entraram em contradição nesta segunda-feira (6) ao falar sobre a atribuição de responsabilidades pela onda de supostos envenenamentos em escolas femininas no país.

Enquanto o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, pediu uma investigação rigorosa e que eventuais responsáveis fossem punidos com a pena de morte e o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, culpou os “inimigos” do país pelos envenenamentos, dois ministérios apontaram que a grande maioria dos casos decorria de ansiedade.

“Menos de 10% dos casos apresentaram sintomas reais e a maioria está relacionada à ansiedade", disse o vice-ministro da Saúde do Irã, Saeed Karimi, que faz parte de uma equipe que investiga os envenenamentos.

“Algumas das alunas foram expostas a uma substância irritante que é principalmente inalada”, disse o vice-ministro, que não explicou de que produto se trata.

“Alunas próximas daquelas que foram expostas ao irritante se contagiaram de ansiedade e preocupação, e outras não estavam na escola onde a substância irritou as estudantes, mas leram notícias a respeito sobre o assunto e sofreram complicações causadas por efeitos psicológicos”, afirmou.

O Irã sofre uma onda de supostos envenenamentos em centenas de instituições educacionais femininas em dezenas de cidades que começou há três meses, se multiplicou nos últimos dias e afetou milhares de estudantes do sexo feminino, muitas delas sendo hospitalizadas.

Karimi afirmou que a grande maioria das meninas e jovens internadas teve alta em menos de seis horas e apenas as que sofriam de algum tipo de doença, como a asma, necessitaram de mais cuidados médicos.

Por sua vez, o Ministério do Interior iraniano disse nesta segunda-feira que não encontrou substâncias “tóxicas ou perigosas” nas análises efetuadas nas alunas internadas e também atribuiu à “ansiedade” mais de 90% dos casos.

O departamento disse ter encontrado “estimulantes” em menos de 5% dos casos que provocaram “mal-estar” e o aparecimento de “sintomas” leves nas meninas.

“Este pode ser um ato deliberado e criminoso, que está sendo investigado por agências de inteligência e segurança”, segundo o comunicado.

Já o aiatolá Ali Khamenei pregou também nesta segunda-feira à TV estatal que as autoridades “devem levar a sério a questão do envenenamento das estudantes”. “Se for provado que foi deliberado, os perpetradores desse crime imperdoável devem ser condenados à pena capital”, afirmou.

O presidente Ebrahim Raisi culpou os “inimigos” do país pelos envenenamentos, um termo frequentemente usado para se referir aos Estados Unidos e Israel.

Nos Estados Unidos, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, reverberou acusações feitas por ativistas nas redes sociais de que os supostos envenenamentos seriam uma represália de fundamentalistas pelos protestos realizados no Irã no ano passado, depois que uma jovem que se recusou a usar o véu islâmico morreu nas mãos da polícia de costumes.

Muitas manifestações partiram de estudantes de escolas femininas, que tiraram seus véus, cortaram seus cabelos e postaram nas redes sociais fotos mostrando o dedo médio para retratos de Khamenei e de Ruhollah Khomeini, líder da Revolução Islâmica de 1979.

“A possibilidade de meninas no Irã estarem possivelmente sendo envenenadas simplesmente por tentar obter uma educação é vergonhosa e inaceitável”, disse Jean-Pierre. A Casa Branca pediu uma investigação independente sobre a hipótese dos supostos envenenamentos estarem relacionados aos protestos.

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