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Militantes do Talibã em patrulha após a tomada de controle da residência do governador e da cidade de Ghazni, Afeganistão, 12 de agosto
Militantes do Talibã em patrulha após a tomada de controle da residência do governador e da cidade de Ghazni, Afeganistão, 12 de agosto| Foto: EFE/EPA/NAWID TANHA

O Talibã tomou o controle de duas grandes cidades e uma estratégica capital de província do Afeganistão nesta quinta-feira (12). A tomada de Kandahar e Herat, as duas maiores cidades do país depois da capital Cabul, é a principal conquista do grupo militante que na última semana tomou o controle de 12 das 34 capitais provinciais do país.

A ofensiva acuou ainda mais o governo afegão, semanas antes da etapa final da retirada pelos Estados Unidos de suas tropas do país. O governo do presidente americano Joe Biden estima que o Talibã tomará a capital dentro das próximas semanas.

Os Estados Unidos anunciaram que vão manter aberta a embaixada do país em Cabul, mas a maior parte da equipe diplomática no Afeganistão será retirada, e para dar segurança aos funcionários neste processo, em um momento em que o país asiático vive uma escalada de violência, 3 mil militares serão enviados à capital afegã.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, afirmou que a mobilização ocorre em um momento em que os EUA já concluíram 95% do processo de saída de suas tropas do país asiático.

O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, foi o primeiro a anunciar esta retirada de funcionários da embaixada, devido à piora da situação de segurança no Afeganistão. Em entrevista coletiva, ele negou que a legação diplomática será fechada, além de ressaltar que será mantida a tramitação dos vistos especiais para os afegãos que trabalharam com as tropas americanas. Após reunião com conselheiros de segurança, Biden ordenou a expedição de voos adicionais para a retirada de afegãos que trabalharam para os Estados Unidos nas últimas duas décadas.

"Não é um abandono, não é uma evacuação, não é uma retirada, é uma redução do nosso pessoal civil", frisou Price.

Ainda de acordo com ele, a prioridade do governo americano é a segurança dos funcionários, motivo pelo qual essa movimentação contará com o apoio de tropas adicionais que o Departamento de Defesa enviará ao principal aeroporto de Cabul. A embaixada dos EUA tem em torno de 4 mil funcionários, incluindo cerca de 1.400 civis americanos, segundo o New York Times.

A embaixada americana no país enviou uma série de alertas nesta quinta-feira, pedindo que os americanos "deixem imediatamente o Afeganistão usando as opções disponíveis de voos comerciais".

Os Estados Unidos enviarão ainda uma equipe de combate de infantaria, cerca de 3.500 militares adicionais, para o Kuwait, caso reforços sejam necessários.

Reino Unido também enviará militares

O Ministério da Defesa do Reino Unido também anunciou nesta quinta-feira o envio de 600 militares ao Afeganistão para ajudar cidadãos britânicos a saírem do país em meio à "rápida piora da segurança" e ao aumento da violência.

Essas tropas permanecerão em solo afegão durante um "curto período", explicou a pasta em comunicado. A embaixada britânica em Cabul já acelerou o trabalho para entregar vistos a trabalhadores vinculados à delegação diplomática.

A equipe da embaixada britânica já havia sido reduzida ao mínimo para oferecer assistência consular aos que necessitam abandonar o país asiático com urgência.

Ainda segundo a nota, os soldados britânicos oferecerão "proteção e apoio logístico" para facilitar a mobilidade dos cidadãos britânicos e colaborarão para que tradutores e outros trabalhadores vinculados à missão britânica possam viajar ao Reino Unido "o quanto antes".

Rápido avanço

O Talibã conquistou nesta quinta-feira Qala-e-Naw, a capital da província de Badghis, no noroeste do Afeganistão, a terceira apenas hoje e a 12ª desde a semana passada.

Qala-e-Naw caiu nas mãos do grupo rebelde, e a maioria das forças de segurança se retirou para a base do exército provincial, informou à Agência Efe um parlamentar procedente de Badghis, que pediu anonimato. O porta-voz do Talibã, Qari Yusuf Ahmadi, também confirmou a dominação: "Todos os edifícios do governo, incluindo a casa do governador e a sede da polícia, foram tomados pelos mujahidin", anunciou ele.

Atualmente há lutas em andamento em nove das 34 províncias do Afeganistão, onde nas últimas 24 horas 217 combatentes talibãs foram mortos e 108 feridos, de acordo com o balanço diário do Ministério da Defesa afegão.

Hoje, o grupo já havia ocupado Ghazni, no sul do país, e Herat, uma das maiores cidades afegãs, depois de Cabul e Kandahar, e localizada a oeste.

Ghazni é uma província estratégica porque liga Cabul ao sudeste e ao sul do Afeganistão, enquanto Herat é um dos principais centros comerciais e de conexão, já que faz fronteira com o Irã e o Turcomenistão.

O rápido avanço do Talibã coincide com o início da fase final da retirada das tropas estrangeiras do território afegão, que começou em 1º de maio e deve ser concluída até o final deste mês, depois de 20 anos de guerra.

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