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O porta-voz do Ministério da Defesa do Azerbaijão, Anar Eyvazov, durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (19) para anunciar a operação
O porta-voz do Ministério da Defesa do Azerbaijão, Anar Eyvazov, durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (19) para anunciar a operação| Foto: EFE/EPA/ROMAN ISMAYILOV

O Ministério da Defesa do Azerbaijão anunciou nesta terça-feira (19) o início de uma “operação antiterrorista” na região separatista de Karabakh, após a explosão de duas minas e um ataque com armas supostamente organizados pela Armênia.

“Ações antiterroristas locais começaram na região”, afirmou o departamento militar em comunicado.

A pasta afirmou que a operação busca “garantir o cumprimento das disposições da declaração tripartida” entre Azerbaijão, Armênia e Rússia, que pôs fim à guerra de 2020, em que Baku recuperou grande parte dos territórios perdidos durante o primeiro conflito em Nagorno-Karabakh.

Autoridades do Azerbaijão disseram que as ações visam “expulsar as formações armadas da Armênia” do território, “neutralizar sua infraestrutura militar, garantir a segurança da população civil” e restaurar a ordem constitucional.

O Ministério da Defesa anunciou o início da ação após a morte de seis azerbaijanos - dois civis e quatro policiais - em consequência da explosão de duas minas na região de Karabakh e de um ataque com morteiros e armas leves na região de Agdam, onde está localizado o contingente de paz russo.

Baku atribuiu os episódios a "um grupo de sabotagem de formações militares ilegais da Armênia" e abriu um processo criminal por terrorismo, homicídio premeditado baseado no ódio étnico e posse ilegal de armas e explosivos.

Nagorno-Karabakh, autoproclamado independente em 1991, tem sido desde então o ponto principal da discórdia entre Armênia e Azerbaijão, que travaram duas guerras, uma no início da década de 1990, que terminou com a vitória armênia e outra em 2020, na qual venceram os azerbaijanos.

O território pertence ao Azerbaijão, sob o Direito Internacional, mas lá vivem armênios étnicos.

Como resultado da mais recente guerra de 44 dias, Baku recuperou mais de dois terços do território da região montanhosa e seus arredores que tinha sido declarada zona de segurança por Yerevan, capital armênia, embora o país tivesse de manter comunicação com o enclave por meio do corredor de Lachin, bloqueado pelo Azerbaijão durante nove meses.

As tensões entre Azerbaijão e Armênia aumentaram nos últimos dias, entre denúncias de movimentos de tropas de ambos os lados, e ameaçam anular o cessar-fogo alcançado em 2020 com a mediação russa.

A ex-república soviética tem criticado o afastamento da Rússia devido à Guerra na Ucrânia. Segundo a Armênia, Putin "virou as costas" para o país, que enfrenta um conflito histórico com o Azerbaijão e necessita de proteção por parte de Moscou.

Resposta da Armênia

A Armênia pediu nesta terça-feira (19) às forças de paz russas destacadas em Nagorno-Karabakh para “tomar medidas claras e inequívocas” para pôr fim à “agressão do Azerbaijão” contra o território, que pertence a este último país, mas é habitado por armênios.

“Em virtude da declaração tripartida de 9 de novembro (de 2020), as tropas de paz russas destacadas na região devem tomar medidas claras e inequívocas para pôr fim à agressão do Azerbaijão”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Armênia em um comunicado.

O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, por sua vez, convocou uma reunião do Conselho de Segurança do país para abordar as ações armadas iniciadas pelo Azerbaijão contra Nagorno-Karabakh, segundo um comunicado da entidade.

Além disso, a diplomacia armênia também apelou ao Conselho de Segurança da ONU e aos seus parceiros internacionais para que reajam à “agressão” de Baku.

“Esta nova agressão em grande escala contra o povo de Nagorno-Karabakh tem como objetivo completar a política de limpeza étnica do Azerbaijão”, advertiu.

Horas antes, o Azerbaijão anunciou o início de uma “operação antiterrorista” na região habitada por cerca de 120 mil armênios e a abertura de “corredores humanitários” para “garantir a evacuação da população da zona de perigo”.

O ataque de Baku ao enclave armênio surge depois de um bloqueio de nove meses ao qual as autoridades azerbaijanas submeteram os habitantes de Nagorno-Karabakh após o fechamento da única rota que ligava a região à Armênia.

"Preocupação" russa

A Rússia afirmou nesta manhã estar “profundamente preocupada” com a escalada “brusca” da situação em Nagorno-Karabakh, um enclave pertencente ao Azerbaijão, mas habitado por armênios, onde Baku iniciou hoje (19) uma “operação antiterrorista”.

"Estamos profundamente preocupados com a brusca escalada da situação em Nagorno-Karabakh. A Rússia apela insistentemente às partes para que parem com o derramamento de sangue, cessem imediatamente as ações militares e retornem ao caminho do entendimento político-diplomático", disse Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, em sua coletiva de imprensa semanal.

A diplomata afirmou que as notícias vindas da região falam de uma operação lançada pelas Forças Armadas do Azerbaijão à qual responderam as unidades armadas de Nagorno-Karabakh.

Por sua vez, as forças de paz russas posicionadas na área estão em contato permanente com os azerbaijanos e os karabakhs para alcançar “um cessar-fogo”, disse.

"O contingente russo de pacificação continua cumprindo suas funções. Partimos do princípio que a segurança dos nossos pacificadores será garantida incondicionalmente por todas as partes", salientou.

Em Nagorno-Karabakh está destacado um contingente de paz russo, que está na região desde a sangrenta guerra que eclodiu em 2020 pelo controle do enclave e da qual saiu vitorioso o Azerbaijão, que contou com o apoio da Turquia.

As autoridades de Nagorno-Karabakh acusaram Baku de lançar uma “ofensiva militar em grande escala” contra o enclave habitado por armênios.

“Neste momento, a capital, Stepanakert, e outras cidades e vilas estão sob bombardeio massivo com artilharia”, disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores de Nagorno-Karabakh. (Com informações da Agência EFE)

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