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política do filho único

Baby boom esperado na China pressiona sistema de saúde

Leitos em hospitais podem ser insuficientes e o número de pediatras no país vem caindo ao longo dos anos. Existem no país cerca de 90 milhões de mulheres que podem gerar um segundo filho depois do fim da política do filho único

Leitos em hospitais podem ser insuficientes e o número de pediatras no país vem caindo ao longo dos anos | Rodolfo BUHRER/Rodolfo BUHRER
Leitos em hospitais podem ser insuficientes e o número de pediatras no país vem caindo ao longo dos anos (Foto: Rodolfo BUHRER/Rodolfo BUHRER)

Ninguém sabe dizer ao certo se todas as mulheres em idade de reprodução na China vão se animar a gerar um segundo filho desde que o governo acabou com a política do filho único, implantada no final da década de 1970. Mas existem 90 milhões de possíveis candidatas, segundo dados oficiais da Comissão Nacional da Saúde e Planejamento Familiar. É como se o país pudesse crescer, de uma hora para outra, o equivalente a um Egito. Ainda que o baby boom esperado por alguns não se confirme, qualquer fração desse número pode significar uma importante pressão sobre o sistema de saúde nacional.

Os leitos existentes nos hospitais podem não ser suficientes e, além disso, vem caindo o número de pediatras pelo país (passou de 105 mil para cem mil nos últimos cinco anos). Estima-se que em Pequim exista capacidade nos hospitais para receber 275 mil recém-nascidos por ano. Somente no mês de março, o número de nascimentos na capital bateu os 38 mil, o mais alto desde 2014. Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, a reserva de leitos na maioria das maternidades está no limite em várias cidades pelo país. Em Jiaxing, a cem quilômetros de Xangai, os leitos para grávidas estão lotados pelos próximos quatro meses.

Nos últimos cinco anos, a capital registrou 200 mil nascimentos, à exceção de 2012, ano do dragão, também considerado ótimo para se ter filhos, quando este número alcançou 220 mil bebês. No ano passado, observou-se um recorde de baixa, com 172 mil nascimentos.

Outro motivo de preocupação para autoridades é que 60% das mulheres que podem querer ter um filho a partir da mudança da lei têm mais de 35 anos e 50%, mais de 40, o que aumenta os riscos da gravidez. Os grandes hospitais da capital já teriam reservado o dobro de leitos que costuma dedicar aos casos mais arriscados. Espera-se que essas mulheres representem 80% dos pacientes admitidos nos hospitais este ano, contra 40% em 2015.

Por via das dúvidas, o governo tem determinado a universidades e faculdades de Medicina que preparem mais enfermeiras e pediatras. Também tem discutido salários mais altos para atrair novos profissionais para a área. Tudo isso considerando que os chineses vão, de fato, exercer o seu novo direito de ter o segundo filho.

Pelas contas da Academia Chinesa de Ciências Sociais, a população da China, que chegou a 1,37 bilhão de pessoas em 2014, deve bater 1,41 bilhão em 2025, para começar a cair e voltar a 1,3 bilhão em 2050. É claro que, à primeira vista, o número ainda é alto. Mas a perda prevista para o período é o equivalente a pouco mais de meio Brasil.

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