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Sistema de defesa antimísseis deve entrar em operação na Polônia até o final do ano, e Moscou teme que lançadores sejam usados para disparar Tomahawks
Sistema de defesa antimísseis deve entrar em operação na Polônia até o final do ano, e Moscou teme que lançadores sejam usados para disparar Tomahawks| Foto: Amy Forsythe/Pentágono

A expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é a justificativa do presidente russo, Vladimir Putin, para concentrar mais de 100 mil soldados perto da fronteira com a Ucrânia. Alegando preocupações com segurança, ele exige que a aliança retorne às posições anteriores a 1997, quando vários países do antigo bloco comunista começaram a entrar na Otan, e um veto permanente à entrada ucraniana na aliança.

E por que essa escalada ocorre nesse momento? O principal motivo apontado é que até o final do ano deve entrar em operação numa base em Redzikowo, na Polônia, um sistema de defesa antimísseis Aegis Ashore. Segundo o Pentágono, essa estrutura será primeiro administrada pela Marinha americana, depois pelo Comando dos Estados Unidos na Europa e então passará para responsabilidade da Otan.

Outra base tem o mesmo sistema em funcionamento em Deveselu, na Romênia, desde 2016, e já é controlada pela aliança militar do Ocidente. Entretanto, a base polonesa preocupa mais Moscou, por ser mais próxima da Rússia.

Apesar de serem sistemas defensivos, que os Estados Unidos e aliados alegam que estão sendo implantados para deter mísseis balísticos lançados pelo Irã e outros inimigos do Ocidente, Putin manifestou desconfiança, porque mísseis Tomahawks usam os mesmos lançadores dos sistemas Aegis Ashore.

“Há lançadores antimísseis na Polônia e na Romênia, há lançadores MK-41 lá, nos quais você pode colocar os Tomahawks, que já não são defesa antimísseis, mas sistemas de armas ofensivas, que cobrirão nosso território por milhares de quilômetros. Isso não é uma ameaça para nós?”, questionou o presidente russo, no início de fevereiro.

Embora tenha descartado o veto à entrada da Ucrânia na Otan, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, informou em janeiro que, em resposta por escrito às demandas de Moscou, Washington apresentou propostas para melhorar a “transparência recíproca” entre a Rússia e o Ocidente em relação à “postura de forças na Ucrânia” e exercícios militares na região, além de proposições que abordam a alocação de sistemas de mísseis na Europa e controle de armas. Entretanto, analistas apontam que o fechamento das bases na Polônia e na Romênia está fora de cogitação.

De acordo com a Bloomberg, o governo Biden informou ao Kremlin que está disposto a discutir uma maneira da Rússia verificar que não há mísseis Tomahawks nas bases de defesa na Romênia e na Polônia.

Em entrevista ao New York Times, Thomas Graham, que foi diretor sênior para a Rússia no Conselho de Segurança Nacional durante a gestão de George W. Bush, afirmou que “a crise atual é realmente muito mais ampla do que a Ucrânia”.

“A Ucrânia é um ponto de alavancagem, mas [a crise] é mais sobre a Polônia, a Romênia e os países bálticos. Os russos acham que é hora de revisar o acordo pós-Guerra Fria na Europa a seu favor”, destacou.

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