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Belgas fizeram protestos em todo o país na quinta-feira para exigir que os políticos resolvam uma crise que se arrasta há oito meses e impede a formação de um novo governo.

Cerca de 50 pessoas, a maioria estudantes, ficaram só de roupas íntimas em Ghent (norte), posicionando-se para formar a palavra "unidade." Rodadas de gim holandês ajudavam a espantar o frio.

"Há em holandês a expressão 'estar pelado', com o sentido de ser feito de bobo. Nada aconteceu, os políticos negociam há 249 dias, e ainda há um impasse, então estão nos fazendo de bobos", disse o mestrando Jouwe Vanhoutteghem, um dos organizadores do protesto.

Em Leuven, na região central do país, os belgas recebiam batatas fritas, especialidade nacional, se escrevessem uma mensagem de adesão à "Revolução das Fritas."

A imprensa belga aludiu ao que considerou ser um recorde mundial estabelecido pelo país: 249 dias de impasse desde a eleição parlamentar de 13 de junho. "Finalmente, campeões mundiais", zombou o jornal De Standard, sobre uma foto de torcedores belgas dançando.

Com esses 249 dias de impasse, a Bélgica iguala à prolongada negociação do ano passado para a formação de um novo governo no Iraque, mas lá ainda houve outros 40 dias até que o Parlamento aprovasse o gabinete.

Os protestos de quinta-feira são parte de uma série de manifestações contra os políticos. Há um mês, 34 mil pessoas participaram de uma passeata em Bruxelas.

Um ator local conclamou os belgas a deixarem a barba crescer até que um governo seja formado. Até agora, 771 pessoas colocaram na internet (www.unebelgiqueaupoil.be) fotos das suas barbas.

Mas alguns espectadores do protesto de quinta-feira duvidam que os políticos se sintam compelidos a agir, e vários transeuntes diziam não partilhar do empenho pela unidade entre flamengos (que falam holandês) e valões (francófonos).

"Acho que a Bélgica deveria se dividir. Não tenho nada contra o rei, mas todo o nosso dinheiro de Flandres vai para o outro lado", disse o transportador flamengo Luc Baudewijn, de 53 anos.

Desde a inconclusiva eleição de junho, um governo provisório exerce o poder, enquanto líderes valões e flamengos divergem a respeito do grau de autonomia das regiões belgas.

Os flamengos se queixam dos subsídios à Valônia, uma região mais pobre, enquanto os francófonos argumentam que uma maior autonomia regional seria um passo rumo à dissolução do país, em que os valões seriam mais prejudicados.

O rei Albert deu na quarta-feira ao seu principal mediador mais duas semanas para tentar superar o impasse. O ministro interino das Finanças, Didier Reynders, é a sexta pessoa a encarar o desafio.

Economistas dizem que um governo definitivo precisará adotar medidas para reduzir a dívida pública, que pode chegar neste ano a 98,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

A agência de avaliação de crédito Standard & Poor's disse que pode reduzir a nota da Bélgica se o país não formar um novo governo até junho.

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