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O primeiro livro de Joseph Ratzinger como Papa tem um forte tom social, trazendo uma dura crítica aos países ricos e elogios a Karl Marx, cujo pensamento fez nascer o comunismo. Bento XVI diz que ávidas por poder e lucro, as nações abastadas "pilharam e saquearam" sem piedade a África e outras regiões pobres, exportando "o cinismo de um mundo sem Deus", escreve o líder da Santa Sé.

O Papa também condena na obra o tráfico de drogas e o turismo sexual, sinais de um mundo de "gente vazia" cercada por abundância material.

Um capítulo do livro foi publicado na quarta-feira pelo jornal "Corriere della Sera", e o texto integral deve sair no dia 16, quando o Papa completa 80 anos, pela editora Rizzoli, também dona do jornal.

Nas 400 páginas do livro "Jesus de Nazaré", Bento XVI oferece uma aplicação moderna da parábola do bom samaritano, que pára para ajudar a vítima de um assalto. "A atual relevância da parábola é óbvia", escreve o Pontífice. "Se a aplicarmos às dimensões da sociedade globalizada de hoje, vemos como as populações da África foram pilhadas e saqueadas, e isso nos preocupa demais", escreve.

Ele também compara a vida em países desenvolvidos às difíceis condições do cotidiano africano: "Vemos como o nosso estilo de vida, a história que nos envolveu, desnudou e continua a desnudar (essas pessoas)."

O alemão, que já se manifestara antes contra os efeitos do colonialismo, disse que os países ricos também causaram prejuízos espirituais aos pobres, por tentarem desmerecer ou eliminar suas tradições culturais e religiosas.

"Ao invés de lhes dar Deus, o Deus próximo a nós em Cristo, e de saudar em suas tradições tudo o que é precioso e grande, levamos a eles o cinismo de um mundo sem Deus, onde só o poder e o lucro contam".

O Papa disse que seus comentários valem não só para a África. Aparentemente, trata-se de uma autocrítica à Igreja, cujas atividades missionárias muitas vezes ocorriam de mãos dadas com o colonialismo.

"Destruímos os critérios morais até o ponto de que a corrupção e a cobiça por poder vazio de escrúpulos se tornaram óbvios".

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