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O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançou nesta sexta-feira, no Chile, um novo plano para impulsionar a integração dos países da América do Sul e ajudar a atrair investimentos para a região através da aproximação entre mercados atualmente fragmentados.
A iniciativa, chamada Conexão Sul, foi cocriada pelos países do continente e se baseia em três pilares fundamentais: conexões infraestruturais, com a melhoria de rodovias, portos, hidrovias e redes elétricas e digitais para facilitar os vínculos; cadeias de valor, com o desenvolvimento da produção local e a inserção nos mercados; e o fortalecimento regulatório e institucional.
O lançamento foi realizado dentro das reuniões anuais do BID em Santiago, no Chile, que começaram na quarta-feira com seminários temáticos e que terminarão domingo, com a realização da 65ª Assembleia de Governadores dessa entidade e da 39ª do braço financeiro da instituição (BID Invest).
Para o presidente do BID, Ilan Goldfajn, o Conexão Sul é a materialização "do compromisso compartilhado de construir um mercado regional de maior escala, mais integrado e atraente para investimentos".
"Através de uma melhor conectividade, cadeias de valor mais fortes e marcos institucionais modernizados, o programa ajudará os países da América do Sul a superar barreiras históricas e gerar novas oportunidades", destacou o economista brasileiro através de um comunicado.
Por sua vez, a vice-presidente de Países e Integração Regional do BID, Anabel González, afirmou em durante um seminário temático anterior ao lançamento da iniciativa que "a integração econômica é um motor chave para o crescimento e o desenvolvimento sustentável".
"A América Latina e o Caribe compartilham fronteiras, recursos e oportunidades econômicas, e juntos podemos escalar soluções para atrair investimentos e combinar recursos para alcançar um maior impacto", argumentou.
Rotas de integração
Além disso, o Conexão Sul promete expandir a aliança Rotas de Integração, criada no âmbito do Acordo de Brasília assinado em maio de 2023 e apoiado por organismos financeiros como BID, FONPLATA, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES) e CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe.
Para potencializar a iniciativa sul-americana, o BID e o FONPLATA também formalizaram um acordo de cooperação para aumentar a colaboração bilateral entre ambas as organizações com o objetivo de explorar oportunidades de cofinanciamento para projetos regionais no âmbito do Conexão Sul, incluindo rotas de integração.
Nesse sentido, González ressaltou que, embora apesar dos avanços já registrados, os "níveis de integração relativamente mais baixos do que em outras partes do mundo, com avanços limitados em conexão física e digital, logística e eficiência transfronteiriça", continuam sendo desafios “persistentes” na região.
"Alinhar políticas entre os países é fundamental para criar um ambiente competitivo ampliado que atraia investimentos privados", acrescentou.
Segundo a executiva, o objetivo é renovar os esforços para "construir avanços de forma conjunta e fortalecer o papel da região na economia global".
Apoio e pragmatismo regional
Representantes do BID e dos governos de Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e Uruguai assinaram, junto com Goldfajn, uma declaração de apoio ao novo programa de integração, solicitado pelos países da América do Sul.
O documento reconhece a natureza transfronteiriça dos desafios que esses países compartilham e solicita ao BID apoio para enfrentá-los de forma conjunta e por meio de uma abordagem regional pragmática.
De acordo com o presidente do Centro Latino-Americano de Políticas Econômicas e Sociais (CLAPES UC) e ex-ministro de Finanças do Chile, Felipe Larraín, os principais obstáculos para uma integração mais profunda são barreiras políticas, econômicas e comerciais, problemas de governança e de coordenação e desigualdade no acesso à digitalização e conectividade.
Por isso, durante sua participação em dos seminários, Larraín defendeu propostas para uma integração regional efetiva que priorizem acordos multilaterais eficazes, o fortalecimento das instituições regionais e o fomento ao desenvolvimento e integração da infraestrutura física e digital.



