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O bispo nicaraguense Rolando Álvarez (em imagem de arquivo) está desde quinta-feira retido pela ditadura sandinista em sua cúria no departamento de Matagalpa
O bispo nicaraguense Rolando Álvarez (em imagem de arquivo) está desde quinta-feira retido pela ditadura sandinista em sua cúria no departamento de Matagalpa| Foto: EFE/Jorge Torres

O bispo nicaraguense Rolando Álvarez, crítico do ditador Daniel Ortega, denunciou nesta sexta-feira (5) que está sendo retido em sua cúria por forças policiais sem saber o motivo, enquanto a vice-presidente do país, Rosario Murillo, alertou que “provocar” é um crime.

“Estamos reunidos, em nome do Senhor, nesta capela da Misericórdia e retidos pelas forças policiais”, disse o bispo que, juntamente com seis sacerdotes e seis leigos, está nesta situação desde quinta-feira no Paço Episcopal do departamento de Matagalpa, no norte da Nicarágua.

O religioso disse por meio da plataforma digital de sua diocese que não sabe o motivo pelo qual o estão mantendo retido e que não sabe por quanto tempo a casa paroquial permanecerá sitiada pela polícia.

Por sua parte, a vice-presidente do país, que é esposa de Ortega, disse por meio da imprensa oficial, e sem mencionar o bispo, que “provocar, fazer ostentação de impunidade, é um delito, sobretudo quando o que se provoca é discórdia”.

As declarações de Álvarez e Murillo são o atrito mais recente entre o governo Ortega e a Igreja Católica, que se agravou na quinta-feira quando policiais nicaraguenses impediram a celebração da missa matinal na Catedral de Matagalpa, diante do que o cardeal saiu à rua para rezar.

Murillo, que na véspera afirmou que os símbolos sagrados do catolicismo foram “manipulados”, comentou também que “gerar descrédito para aquelas instituições que merecem respeito também é um crime”.

Durante uma missa virtual, o bispo pediu aos fiéis católicos que “mantenham viva a esperança, permaneçam fortes no amor e vivam na liberdade dos filhos de Deus, sabendo que o Senhor cumprirá sua palavra: o Senhor restaurará a Nicarágua”.

Enquanto isso, a primeira-dama, que é sogra do chefe da Polícia Nacional, Francisco Díaz, referiu-se a crimes de ódio, que desde 2021 são puníveis com prisão perpétua na Nicarágua.

“Lembremos que o ódio é um crime, que todo crime é um delito, e um delito que deve ser investigado”, observou Murillo.

Na missa desta sexta-feira, Álvarez rezou “também por aqueles que nos mantêm retidos, continuamos pedindo ao Senhor que abençoe suas vidas, seus casamentos, suas famílias, seus empregos, que o Senhor abençoe sua comida, seus passos”.

Além disso, agradeceu aos “milhões de irmãos e irmãs que nos observam desde ontem”.

O bispo afirmou que, além dos padres nicaraguenses, os membros do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), que reúne os bispos da América Latina e do Caribe, também expressaram “proximidade e solidariedade”.

As relações de Ortega e Murillo com a Igreja Católica têm sido historicamente cheias de atritos e permanecem tensas desde a revolta antigovernamental de 2018, que o líder sandinista interpretou como um golpe fracassado e pelo qual ainda culpa, entre outros, o Episcopado.

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